29 de agosto de 2013

visse e versa

menino,
vá pegar água
na nascente

não seja crente
que vai saber
me enganar

não vá fugir
não vá se arriscar

conheço essas águas
conheço cada verso
desse livro
chamado
amar

visse?

e versa:

o amar
conhece cada verso
desse livro
chamado
mulher
mãe
que luta

que labuta

tudo
por um filho
pra que ele possa
caminhar

não me venha crente
que não darei por sua falta
volte pra mim
com a água
e continue nascente
no nosso acordar

- mãe que perde filho

é pior que o silêncio dos gritos

é pior que faca no peito

é coisa maior

que o gigante do medo

é coisa que não se pode
mensurar

mãe que perde filho

é nada no meio do nada

é buraco

no meio do negro

é sem fundo
bem no fundo

é aquilo
que não tem jeito

é aquilo
que não se pode
aceitar



 



Encerra seu caminho no meu
Seu corpo no meu
Encerra o que eu
não consigo encerrar
(não vou falar sobre dor)

O dilema
a questão
o poema

É isso:
encerre este poema.

Termine os versos
E deixe que os versos
Possam
Nos terminar.













A despedida
Só tem uma face:

pra quem fica, a despedida são cabelos jogados
pra quem vai, horizonte infinito

A despedida tem sua face
Amarelada
Rosada
Enfim
Avermelhada

A despedida
É como um dia que vai
E que vê
A cidade buzinar

Para o céu,
A despedida do dia são carros enfileirados
Para o ser,
A despedida é um céu
Amarelo

O devaneio
Sobre a despedida
É uma despedida de algo
Que ainda não foi

Mas quase

As coisas que
Quase
Se foram
São multicoloridas
Pinceladas
De delicadeza
Resignação

E

Brisa



No dia em que te esqueci

Você saiu à francesa,
Na ponta dos pés
Não diferente de como chegou
(O perigo anda na ponta
Dos pés)

Eu perdi a hora
E percebi o perigo de te esquecer
Na hora mesma em que te esqueci:
O despertador tocou
Levantei
Me espreguicei
Tomei o meu café
Abasteci o carro e
Você

Tinha
Me
E
s
c
o
r
r
i
d
o
Pelos dias

O seu
Esquecimento
Tem o sabor
Dos
Tédios
Crocantes
Das horas
Que te esperei

O esquecimento
Se parece com as folhas
secas
Que pisei
Nesta manhã:

Já foram úmidas
E coloridas
Vivas
E ativas

Hoje são
Somente
A sensação
Crocante
Do que já
Foi.

15 de agosto de 2013

O silêncio é a palavra do vento


Os nossos silêncios se encaram,
Baby,
Os nossos silêncios se respiram

Ouve, ao pé do ouvido
O suspiro dos nossos ares
Que se prendem


E se libertam


Ouve a
cadência
Precisa
Do que
não
diz

Seu silêncio
Me fuma
Os ares
E me expira
As palavras

Nossos silêncios
Se amam
E se olham
Se entendem e se conformam
Nossos silêncios
Acompanhados
São folhas
Que o vento
Escolhe
Como trazer

São livros guardados,
Papéis dobrados
Que um dia vão dizer

Mas nossos silêncios
Se tocam
Baby
Se tocam e
Se cantam

Em dó

E se.

14 de agosto de 2013


Ela amou
Como se não houvesse choro
Como se não houvesse se

Ela se permitiu
Como se não houvesse chão
Como se não precisasse fugir

Ela acreditou
Como se fosse,
Voltou

Olhou
E como se fosse luz
Clareou
Como se fosse escuridão
Descobriu

Se fosse como se,
Se como fosse,
Fosse,
Ela ainda assim amaria

Aquela foice
Que foi
Aquela maluquice
Estripulia
Chamada amor

8 de agosto de 2013

Trata-se de um eterno aprendizado sobre equilíbrio.

Vida: aprende-se.
Apreende-se.
Um constante avante
Diante do objetivo distante
Vida: avante!
Avançe,
que se abre,
que se explora.

A vida laceia
Com as dores
Vai laceando
Com os laços
E os amores

Vida: todas as contradições
em meio ao óbvio.

Sabe do nada
e do tudo.

Não saber de nada é,
quase sempre,
saber de tudo.

Tudo é nada.
Nada é tudo.
(NADA é tudo!)

Vida:
Eu
vi a
ida,
sem recaída,
exigir de mim
ela dizia
"avante, levante!"

E, sem outra saída,
Eu levantei
Sem escolha,
Eu sorri
Os joelhos
Ralados


Trata-se de um
eterno aprendizado
sobre o equilíbrio
a que podemos chamar:

corda bamba.