21 de novembro de 2010

Um porvir sob nova direção.

A ressignificação:

que minha família pede a mim.
que meus amigos observam em conversas cotidianas.
que minha alma sussura na hora de deitar.
que o meu coração expressa na dor do dia seguinte a um dia, noite ou semana vivida de forma não correspondente a sua vontade.

Dessa vez eu não só quero como vou:

Falar mais baixo.
Não falar palavrão.
Ser mais discreta.
Estudar mais. Falar menos e reclamar menos.
Acreditar mais em mim. Acreditar mais nos outros.
Me amar mais. Amar mais os outros.
Abaixar o nariz e sorrir. Sorrir mais, sempre.

Auto-conhecimento.
Auto-aceitação.
Reforma íntima.

O ar já dá a sensação do novo.
Eu quero crescer.

E a cada passo me reconhecer pequena.

Assim
a
vida
seguirá o rumo
certo.


(Hoje,
ainda mais feliz por um final de semana muito feliz... A vida não pára e os momentos bons também não, eu sei. É bom saber que as minhas mãos ainda vão tocar outras mãos... Que meu rosto ainda vai receber novas e velhas carícias, que meu olhar ainda vai conhecer outros olhares, que a minha casa ainda vai ser lugar de festa... Que em meu coração sempre vai haver mais espaço para uma pessoa nova. Meu coração não sabe substituir. Mas está adorando acumular tanta coisa. Felicidade. Reforma. Esperança. Reflexão. Vontade. E, obs.: eu preciso de arte para viver bem. Sem ela, eu sobrevivo e nada mais.)

15 de novembro de 2010

Quero ser-te ou queria ser-te nº02: Sabiá e beija-florzinha.



Avô: Uma relação com inversão de sentidos. Porque se te conheci, foi quando você foi ai pro céu. Se te conheci, foi em meus sonhos. E se tive esperança, foi porque senti suas mãos quentes me abençoarem enquanto durmo. Não conheci tua vida terrestre nem mesmo teus gritos. Eles não existiram pra mim. Você é tão puro quanto o céu em meu coraçao. Meu querido tão tão amado, vou ser luz para recompensar o colo que sempre me deu. Aqui mesmo, quando chegava à porta com mel e histórias de bichos falantes. Aqui mesmo, onde tantas vezes me chamou de sabiázinha e beija-florzinha.
O tempo tão pequeno que viveu na Terra comigo nesta encarnação, amado meu, foi suficiente para continuar com o laço que nunca vai ser interrompido.

Por isso, como sempre quis, por coincidência ou não,
vou ser tua sabiá.
vou ser tua beija-florzinha.

Eu te amo.

14 de novembro de 2010

Porque há o direito ao grito.

Uma madrugada típica
Sem café.
Só linha, só quadrado. Nada fluído.

A solidão: tevê. luz do banheiro acesa. gosto amargo na boca. dor nas costas.

Quero quebrar esse silêncio
Pra que dizer não a coragem se não tenho o que e a quem temer?

O passado já revi.
A mim já perdoei.

Agora eu sigo,
o mundo não pára de girar quando eu choro.

Vou buscar minha felicidade.
Vou sim abrir o peito.
Vou sim gritar meu mundo, vou sim defender meu pensamento.

Sou tão filha do Pai quanto minha mãe e meu pai.
Quanto o meu irmão.
Me sinto tão próxima dele como o mendigo na rua
e como a presidente do Brasil.

Ainda sei rezar, sentir paz, esperança e fé.
Ainda sei fazer caridade, sorrir e dançar.

E cada dia mais isso me é comprovado.

Eu tenho refúgio: aqui.

Porque a minha glória pode ser o teu fracasso.
e a sua glória
a minha fraqueza.

Eu tenho os meus limites.
E o meu além.

Eu confio por isso grito.
Agora eu vou falar.

Basta.

Vou cuidar dos seus olhos para que me veja nº02.

Na verdade agora eu só queria o silêncio.

Porém, preciso, como sempre, dizer a que vim.

Vim para dizer que tudo o que posso tenho feito. Eu sempre amei você, e no âmago da minha alma, o que mais me dói é te ver triste.
Tenho tentado, dia trás dia, mostrar que estou ao seu lado. Tenho tentado fazer você sorrir, tentado te mostrar que não está sozinha.

Contudo, continua a gritar pela casa, com sua voz ácida, capaz de desabar mundos, que é sozinha. Que sempre foi sozinha.
Que não faz diferença.
Como não faz se a fase mais importante da minha vida te contém? Como não, como não, se a minha dor só tem você?

Como se eu nasci de suas entranhas?

Como se o seu choro é uma ferida que existe em meu coração, e cada queda dele pelo seu rosto é igual a abertura dessa ferida? Ferida que parece tão antiga. Tão velha. E não morre.

Acho mesmo que você está fatalmente apegada a dor. E não consegue abandoná-la.
Acho mesmo que se você está no fundo do poço, acabou ficando cega e não enxerga a mesma luz que eu.
Eu tento te dar a mão e sair do poço com você. Mas você não quer. Você fica. Você insiste em chorar a luz que existe, mas que você não vê.

O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS.

Eu estou aqui, ainda que você não acredite. Talvez, com o tempo, eu recupere a confiança que você não tem mais em mim. Eu já estou tentando recuperá-la, não estou vendo muitos resultados, visto que você sempre repete essa sua solidão que, sinceramente, não existe. Porém, vou continuar tentando.
Vou te dar a mão.

Vou cuidar dos seus olhos para que me veja.
E sim, também vim para dizer que

te amo.

Roxanne, Réquiem, Ravel.

Brasília, 04 de novembro de 2010.
Noite.

E se, agora, eu deixasse tudo isso sair?
Um dia escrevi que meus olhos eram feridas estancadas prontas para jorrar, a qualquer momento, jatos de infelicidades mal explicadas.
E se eu dissesse “que jorre”?

Guardei tanto sentimento que hoje sou todos eles, estáticos.
Sou inchada, feia, desarrumada... E meu olhar não expressa mais nada.

O piano toca e pede que eu os solte. Pede que eu liberte esses anjos e esses demônios em mim.
Como eu, o piano me quer leve. Frouxa, somente amor... Tranqüilo amor.

Eu amei.
Eu senti vontade.
Eu senti raiva.
Eu senti duvida.
Eu senti tristeza.
Eu senti arrependimento.
Eu senti esperança.
Eu senti pena.

Eu senti amor.

E sim, se eu pudesse, viveria em um mundo que só reinasse ele...
Eu queria sim voar, eu queria sim amar, eu queria sim sorrir, dançar, atuar, pintar, cantar, eu queria sim viver por sorrir e sorrir por viver.

Existe um lado meu que de nada reclama. Existe um lado que compreende a vida real e que anseia trabalho... Que reconhece que o mundo-moinho não é lugar de felicidade.
Que o mundo-moinho pede amor.

Mas existe outro lado que quer viver sozinho e feliz,
eu quero viver na Disney,
eu quero viver nos quadros
eu quero viver nos PALCOS
eu quero viver outras vidas e somente elas
somente elas

Eu senti cansaço.
Eu senti dor.
Eu senti, senti muito.

Eu ainda sinto!
EU AINDA SINTO.

E se agora, pudesse gritar, gritaria vários nomes, gritaria com muita força! Com uma força que crê em sua capacidade.

Eu sou um ser humano e eu estou fraca agora.

Mas depois desse choro, desse grito, depois de assumir o que senti, depois de esvaziar todo o meu corpo, depois de esvaziar minha mente e só deixar o amor, eu vou me levantar.

eu vou me levantar, e sem cambalear vou até você.
seja por um caminho longo, de mil anos.
seja por um caminho curto.
seja por um caminho tortuoso.

Que você nem exista.

eu só preciso do caminho.

eu só preciso do caminho.


Quero flor. Quero azul. Quero pássaro. Quero árvore. Quero cachorro. Quero néctar.

A chuva cai tão intensa. Como se dissesse algo.