7 de julho de 2013

Brasília, Rio, Brasília, Rio, Brasília, Rio

Se Brasília fosse uma mulher, ela seria virginiana - planejada, meticulosa, calculada. Para percorrer a trajetória do seu corpo, basta entender a sua matemática. Brasília é coisa única. Brasília é quebra, é coisa nova, pra frente, é, até mesmo, de vanguarda. Acho que Brasília tem ascendente em aquário. Ah, e não se esqueça: para apreciá-la, deve-se aceitar, de uma vez por todas, suas singulares condições e particularidades.
O Rio, o Rio poderia ser um escorpiano com ascendente em leão. Chinelo nos pés e dragão tatuado no braço. Curvas irresistíveis, energia envolvente, charme certeiro.
Se quer calmaria, venha para Brasília. Leia um livro nas entrequadras - aproveite o cenário bucólico para se sentir em paz. Algumas cigarras podem aparecer e te incomodar, mas a mim agradam. Eu gosto principalmente de sentir o cheiro de terra molhada ao som das cigarras. Vai entender. Se quer gente diferente de tudo o que viu, se quer rock e arte da boa, venha para Brasília. Aqui costumam dizer que a arte não vinga, mas para mim o contrário acontece. Entre a arte do Rio e a arte de Brasília, fico com a de Brasília. Aqui as coisas vingam sim, elas são ainda mais fortes por ter de sobreviver num solo tão seco - mas ainda assim fértil.

O Rio é a cidade dos meus sonhos. Quando estou lá, sinto que estou num universo aqui de dentro. Eu entro no avião, fecho os olhos, abro, e estou  no mundo que sempre sonhei - e, como é normal dos sonhos, antes mesmo de conhecer.
O Rio me liberta. O Rio é livre. E o Rio faz com que eu me olhe. No Rio eu me encontro, e parece sempre que não me via há décadas, e parece sempre que nunca mais vou deixar de me ver.
Mas aí eu volto.
E eu me esqueço um pouco - acho até que pode ser saudável.
Aí tenho saudade dos meus sonhos, tenho saudade de mim mesma, e quero voltar pro Rio, e adio as passagens, e faço meus trabalhos, e vou às festas no Museu.
Eu acho que estou onde deveria estar. Inclusive quando estou lá - sempre que estou lá, tenho a certeza de existir, a certeza mais profunda de respirar, e a certeza de que vou voltar.
E acho também que não tenho escolha, meu fado vai ser sempre amar esses dois.
Uma mãe, que me acolhe, me firma os pés, e um pai, que me leva pra passear, pra ver o mundo e pra me encontrar comigo mesma.
Brasília e Rio de Janeiro sempre foram muito próximos aqui dentro.

Eu sinto saudades, Rio.

Eu te amo, Brasília.

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