28 de janeiro de 2011

"Resta pouco a dizer"

00h e 58 minutos.
pra mim ainda é sexta.

nº162.

Para dizer adeus, escrevo esta carta.
Sem muito a dizer.

Há tempos que não te vejo. Refiro-me ao seu olhar de Lua. Aquele que mesmo quando não conversávamos pedia a mim que não o abandonasse e que se possível caminhasse na mesma estrada que você - recebia assim seu olhar por querer tanto ir com você, mas sei que assim não era, era medo, era saudade de outro, era vontade de ir até o ponto-. Nada mais que seus cabelos, seu vestido, seus passos, tenho visto. Vejo apenas um vulto, sempre no olhar periférico, sempre de lado, como um detetive atrás de um suspeito. Nunca mais como um cúmplice.

Me tornei um homem de negócios e nada mais. As lágrimas que tanto eram motivo de risadas e dúvidas nunca mais existiram. O rio que dava para esse "mar aberto do olhar" secou. Você nem sabe quanta coisa eu aprendi com a vida nesses últimos meses. Quantas vezes eu vi a cara feia da vida - troquei o seu rosto por ela, mas foi sem querer -, e o quanto hoje a face bela se dá bem com ela. Tornou-se entendível para mim que sofrer é um verbo inerente à vida de qualquer pessoa que queira aprender a viver bem. Ainda assim, estúpido que sou, me pergunto algumas vezes se preferiria estar com você, que sempre deixou meu coração aflito, minhas lágrimas por vir, enfim eu toda vida à flor da pele.

Periférico melhor. Vestido só, preferível.

Você foi apenas uma brisa boa que passou pelo meu rosto. Que trouxe um pouco do cheiro de flor que precisava naquele momento em que meus olhos já não viam verdade, só mentira. Naquele momento que meu corpo não mais sentia pra fora e só pra dentro. O mundo era nada mais depois de ser tanto.
Sempre o nada depois do muito.

Coisas intangíveis não podem ser pausadas ou seguradas.
Você foi intangível.
E também não mais acreditava na vida, então passava rápido, seca, rápido, seca, foco no ponto final.

Logo eu, que nunca acreditei nessa palavra, toda coisa e toda mulher era muito tangível. Fácil de pegar, e pouco importava se poderia ser pausado depois, eu já tinha alcançado.
Sempre tentei te alcançar, entender sua cabeça, seu mundo, sua boca, seu carro sua mão sua voz como entender um ser tão amável...
Não entendi, não alcançei, mal pude tentar...
E de vez enquando me sinto um fracasso por não poder tê-la feito feliz.

Eu sou um dos piores tipo de fracasso. O fracasso de todo o fracasso.

Eu mesmo não pude deixar de me colocar à frente das pessoas para amá-la. Então desisti.

Continuo te amando na minha eterna solidão em uma vida que somente espera acabar-se em si mesma.

Venho então por meio desta dizer que a meia história é também de uma meia vida que escreve à você, mulher amada, no intuito de morrer sabendo que ao menos teve um contato mínimo com o amor.

Se você não pôde me ouvir nos poucos dias que você compartilhou as suas coisas comigo - nunca compartilhei nada verdadeiramente com você... Mas não se ofenda... É um sinal de que em algum momento deixei o meu orgulho de lado e fui todo você. Minhas palavras eram reflexos das suas, apenas-, que lembre de mim, do jeito que for. Que conte para algum amigo seu que uma vida foi-se embora para o mundo que desconhecemos e que você a conheceu, que você a beijou, mesmo que sem vontade, que você riu, mesmo que de mentira.

Você foi a única mulher que me teve.

E a única que eu não tive.

cont. aqui. dentro.

dizer, não mais.

cansaço.


24 de janeiro de 2011

Só se vê bem com o coração.

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com minha rosa... Repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa.
- Eu sou responsável pela minha rosa... Repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

21 de janeiro de 2011

Apenas seguirei como encantado ao lado teu.

Helena,

Já são duas e muitas da manhã e até parece que eu acabei de acordar. Desde que pisei o pé no chão, andei me esticando pelo ponteiro do relógio, querendo segurá-lo ou atrasá-lo, mas foi o jeito de dizer às horas que chegavam que ia deixar pra dizer que te amo depois da próxima volta.
E os meus pensamentos igual volta faziam, pensava em te dizer tudo o que passei até chegar até você: o quanto você me desperta a vontade de tirar os meus projetos da gaveta, por exemplo. Principalmente aquele de fazer uma casa na beira da praia em Búzios, pintar ela de branco e as suas portas de azul claro. Essa mesmo, da qual você falava todos os dias e dizia que ia me fazer melhor, que iria ficar menos estressado se a tivesse e fosse para lá passar um fim de semana tranqüilo, e essa mesma que eu sempre falei para você que era sonho teu e não meu, que eu não ia não, e que você não me deixava trabalhar, e que você não me entendia e sai que você não entende de vida difícil.
Também passei por aceitar que eu gostava sim do seu batom escuro, e que ele só me dava mais vontade de te beijar, e que isso de que te deixa com feição de gente preta é verdade mas era mentira que eu não gostava de mulher preta, eu sempre gostei e tinha medo que os outros homens na rua também gostassem.
Dava uma vontade enorme de beijar esses lábios e de ouvir aquela música do Chico que eu sempre disse me dar nos nervos. Você dizia que parecia com a gente e eu negava ouvir porque realmente parecia que aquele escroto me cantava o meu sentimento tão escondido por você. E muda essa música antes que eu desligue o som da tomada.
Eu também nunca disse pra mim nem pra você, por exemplo, que ficava feliz por demais de te ter ao meu lado todo fim de dia, e antes de dormir, e depois de dormir, e depois de acordar, quando despertava com os seus cabelos enrolados no meu peito... E que sempre adorei, mas nunca soube porque você sempre foi tão amável se sempre te larguei por qualquer misera reunião. Como você podia arrumar a minha pasta, organizar meus papéis, fazer meu café da manhã se eu sempre coloquei o trabalho antes do amor que eu sempre disse não existir?
Sim, eu sinto muito carinho e amizade por você, você é realmente muito companheira, Helena querida, e só um momento que o telefone tá tocando.
Eu não entendia e tinha medo que você parasse de ser assim, pensava em te agradecer para prolongar tudo isso, mas quando você me amava meu orgulho aumentava ainda mais, e eu pensava depois eu digo, ela vai achar que ela é a única coisa que eu tenho na vida, e que dependo dela para estar bem, e por mais que isso seja verdade, é melhor não dizer nada.

Pensava tudo isso e mais uma porção de verdades que também me apoiei e me estiquei, adiando o dia de encará-las.
Mas logo no próximo segundo eu sentia um frio que começa na ponta do pé e se distribui pelo meu corpo todo, congelando a minha garganta e o meu coração...
É o meu orgulho, amor... Esse que nunca me deixou viver o agora com todo o amor possível e só sabia me fazer esticar pela vida. Dia passa, noite passa e eu continuo no passado.

Foram pouco menos de 24 horas dando voltas no meu pensamento. Uma luta do meu amor contra o meu orgulho. Até que cheguei em casa, me deparei com a sua foto ainda de cabelos grandes, depois te vi na cozinha fazendo o feijão com toucinho que eu adoro, e depois me perguntando como foi meu dia enquanto eu tomava banho, e quando te vi em cima da minha cama chamando o meu nome eu resolvi acordar. Você não está aqui ao meu lado e isso me dói. Como a ferida está atada a dor, eu estou atado a sua lembrança, não é assim ou mais ou menos assim que o Pablo Neruda diz?
Eu quero sim a casa branca em Búzios, Helena. Quero te arrancar dessa cidade que não nos deixa em paz e te enfiar pela porta com mais meia dúzia de filhos fazendo piada. Quero fazer amor com você no quarto que vai dar para o mar. Vou te querer do jeitinho que você é, e desliga o meu telefone que agora eu sou seu, mas agora eu quero cuidar de você, eu quero te dar café na cama e eu quero estar com você na hora de nos amarmos, não quero ficar com a cabeça no dia de amanhã e vou sim dizer que você me dá tesão de viver porque você é uma mulher fantástica e que você é sim a mulher da minha vida.

Pensar que você pode ler essa carta e não dar a mínima atenção para uma letra minha me dói também. Me lembraria que agora sim já seria ainda mais tarde para dizer-lhe o quanto te amo e que eu não tinha prolongado porcaria nenhuma, e já está me lembrando o dia que você foi embora, e que a sua ausência me fez ter medo da sua presença... E eu já estou pensando que você só pode sentir repulsa de um homem que tanto não te tratou, que tanto não te cuidou.
Me aceita, mulher. Precisa me aceitar que já nem eu me aceito. Todo o meu passado parece me destruir. Meu arrependimento é tão doloroso que seria bom arrancar todas as páginas da minha vida, exceto a página do dia que te conheci.
As paredes ficam reproduzindo nossas conversas e eu já não agüento mais sentir saudade.

Volta pra mim, volta, pode vir com seu batom marrom, vem com seu cabelo novo e traz também aquele LP do Chico Buarque que você me deu e eu não ouvi... Mas foi por falta de tempo, prometo que foi... Você o levou com você...

Eu lembrei do trecho que diz o nosso amor e que eu nunca quis ouvir mas meu coração ouv
iu.


Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

20 de janeiro de 2011

Sou sua Bárbara.



Posso viver em cada música que teu lápis escreve
Posso ser teu papel, além de tudo, para que escrevas esse seu tão grande mundo de ideias de outras vidas...
Anteontem sonhei que estávamos em um salão... Como em Valsinha. Me puxavas pela mão e dançávamos, dançávamos... Por saber-te grande, por saber-te amado pelo meu coração, na minha cabeça só haviam perguntas... "Por que? Por que? Por que tão belo, por que tanto talento, por que tanta expressão reunida em um só homem? Por que vou acordar desse sono?" Eu olhava para os seus olhos e como em A história de Lily Braun, aqueles olhos de fotografia... Em minha frente -que não me comiam, não, por que o meu sentimento por Chico vai além de qualquer coisa sexual-, aqueles olhos azuis, parecendo mais uma esfinge: "Decifra-me ou te devoro", com aquele sorriso acanhado que consegue toda me amolecer de tanta admiração. Mesmo que quase nunca te digas em suas músicas, posso sentir-te, e te venero, meu menino, meu Velho Francisco, Meu Guri.... Sou sua Bárbara, Até o fim.


Olhos fundos de um mundo que se encolheu por ser inexistente.

Eis aqui o homem que tu fizeste. Eis aqui, de braços largos, barba mal feita, olhos fundos e cheios de um mundo que não vi.
Esses que sempre procuraram a vida feita de aquarela, sem sujeira nem maldade... Sonhos tão fundos que assim meus olhos são. A procura então. Se me olhares fundo, agora, enquanto pego sua mão, verás as pessoas que inventei, os lugares por onde andei aqui dentro de mim.
Mais fundo ainda, podes ver, se quiseres, o rio que corre para esse mar que agora traz ondas ao meu rosto...
Ondas que tentam pegar os teus olhos e trazer aqui pra dentro. Para que viva esses personagens que criei... Pretensioso que sou, te fiz a mulher do sorriso largo e branco do vestido florido...
Onda por onda implorando tuas pernas para de trazer para o fundo desse mar... Onde objetos e lembranças vivem. Objetos nunca feitos nem usados e lembranças de coisas que não aconteceram.


Eis aqui o homem apaixonado que tu fizeste. Acostumado a me apaixonar por tu em outras mulheres. Todas elas te lembravam. Tudo o que é feminino foi semelhante a tua silhueta, toda cidade alegre me fez charme. A Lua de todos os dias, no país que for, era seu olhar.
Eis aqui o homem das artes que tu fizeste. Eu, que não entendia nada de expressão, passei a querer me expressar demais, amando demais, admirando demais. Para enfim chegar ao hoje, o resultado de me decepcionar demais e apenas colocar para dentro dos meus olhos o mundo que projetei e que não existe.
Um mundo que não vi, mas sonhei sem sabê-lo sonho... Era apenas vontade... O desconhecido que em breve seria íntimo... E que nunca existiu.
Dei a volta ao mundo. Procurei em todas as esquinas uma prova de que a Lua era sim também o teu olhar, que sim, as outras mulheres tinham a voz parecida com a tua... Mas não... Nada era igual ti, mulher. Nada me fazia chegar ao ápice da minha paixão como fez chegar o seu corpo em baixo do meu. A sua mão na minha mão. A sua presença em minha ausência.

Eu amei cada pedaço do mundo por um dia ter te amado. Tu batestes a porta naquela segunda-feira amarga, o café era de safra ruim, o vinho era maldito, não queria mais nenhum deles... O meu maior vício foi o teu, e indo-te embora, levou contigo quase todos os outros.
Mas ainda restava o maior e o mais perigoso: o de apaixonar-se. Saí da minha vida. Como se tivesse ido junto de ti. Vivi de paixões dias e dias, e nenhuma delas me levou ao teu amor. Ao colo quente e quase materno que tu me davas depois de um dia pesado de trabalho. Ou quando sentia saudades do meu pai que sequer olha na minha cara.

Depois de ter dentro de mim gotas de tua essência, eu pensei que até sair da minha vida tu podias... Achei que depois de ter você dentro de mim, eu me bastava. Porque não era só um, eram dois.

Eu achava que era.
Enquanto na verdade a minha alma guardava reflexos. Reflexos do teu amor em mim me fizeram imaginar um mundo lindo. Dentro de mim era tudo lindo. Tu me floriu por dentro e eu achei que isso vinha do mundo. Reflexos teus aqui dentro te idealizaram perfeita, como o que tu me despertavas... E por isso te machuquei. Eu vivi de reflexos...

Eis aqui o seu homem de reflexos.

Eis aqui o homem que perdeu a alma para a tua.
Eis aqui um corpo que te clama para poder continuar a viver.
Não quero mais esse mundo lá de fora. É tudo de mentira, é tudo sujo e falso.
E só tu que eu quero.
Aqui dentro,
do meu olhar,
o mais fundo que for.
Entra aqui que eu fecho os meus olhos.
E a gente vaga sobre a gente.

18 de janeiro de 2011

Um velho sábio e paciente que não se deixa virar pedra.

Eu costumava habitar outros mundos dentro desse meu.
Um onde os sons eram outros, os cheiros eram outros, as lágrimas eram sempre presentes e os arrepios também... Mas sempre pela emoção que o vento de lá trazia... Não sei onde é esse lá além de aqui. Dentro.
É como se em algum tempo, em algum espaço, eu tivesse encontrado um pequeno príncipe, que cativei e que foi embora... Hoje as músicas daqui me arrepiam, como o vento de lá. O sol me traz lágrimas como esse tempo... Que em mim é atemporal. E verdade. Esse sim é o meu sentimento e não de qualquer outra energia que me toma. Essa sensação é minha...
Porque eu a imagino e ela existe, seja onde for. E quando for. Por mais que os caminhos tortuosos da vida tentem me tirar dela, ou tirá-la de mim, ela sempre volta... Ela sempre está... Como as estrelas continuam existindo quando o céu está cheio de nuvens (cheias e que sim, precipitam...)
Há tanto tempo que não a sinto... Mas aqui estava, guardada num baú. Tem cheiro de antigo e por isso é ainda mais gostosa... Mais prazeroso ainda é o ato de abrir esse baú, cuidadosamente, e me por a frente desse ar sagrado que ele me traz... Um canto de Deus, um canto que me chama a mim sem dor... E com uma alegria conformada e ainda confortável...
Como se o sonho não tivesse que mudar. O sonho não tem que mudar. Se é sonho não muda... Fica... Estático para fazer bem.
Não como os desejos que parecem sonhos que nunca se realizam, pois se cansam de esperar... São efêmeros, belos e encantadores como uma rosa... Mas efêmeros e com seus espinhos.
O sonho fica, por mais que adormeça no seu cansaço. Um dia ele acorda e continua esperando.
O sonho é um velho sábio e paciente que não se deixa virar pedra.
É a sensação dele que eu sinto... E sonhar é sempre melhor que realizar... Lá é sempre melhor que aqui......
Meu olhos choram e minha pele arrepia com o som daqui... Porque a arte me traz tudo de lá... A arte me leva para o aqui, dentro, que não sei mais onde pode ser...

A arte me faz sonhar...
Estou morrendo de saudades de mim.... De como eu sonhava, e o que eu sonhava... Parece que viajei por um tempo... Estive fora, estive fora... E agora vivo uma enorme fase de dejávú... Saudade...

6 de janeiro de 2011

Eu sou um rio que passa pela minha vida.


Na minha alegria um tanto esquecida há quase sempre uma tristeza que não me esquece. Há sempre um nó na garganta, esse nó entre nós, que atrapalha o "nós" que tento construir.
- Vejo uma menina que veste a sua bonequinha com uma felicidade pelo "novo", pelo "começo", porém, ao terminar de vestir a bonequinha, vejo essa frágil menina ficar triste. A boneca está nua de novo, e ela não se lembra como isto aconteceu. Isto acontece repentinas vezes e a cansa - Disseram-me certa noite.
Pouco sei sobre este nó que tira a roupa da boneca. Pouco sei desse nó que não quer “nós”. Ele se abrigou em minha garganta, pernas, braços, mãos, dedos, pés, e continua a invadir pouco a pouco o meu corpo, feito um câncer, há meses. Talvez seja ele quem provoque a euforia em minh’alma. Desconfio, visto que também me cansei de sentir doer a garganta e a cabeça sem saber por que gritei.

O nó da tristeza que não me esquece
Na minha alegria um tanto esquecida
Quase sempre resulta na euforia.


Como já escrito:

23.07.2010

“A euforia normalmente sinaliza alguma coisa.
Vezes antecipa sorrisos, vezes é contida em choros.
Não dura muito.
E sinaliza algo.

Ontem ela sinalizou o nó.
Fez-se dentro da minha garganta, do meu estômago, e imobilizou meu braços.
Meu dedos.
Minha palavras.”

Quando eu estou eufórica
Paro. (a pausa tem tido um grande significado para mim.)
Reviro os olhos e me vejo.
Vejo ali o nó, me mostrando: não há alegria plena. Há sempre um pouco de tristeza na alegria que diz.

Não o queria nem sei quem o fez. Eu? Você? Outros fora e dentro do mundo pequeno que habitamos?
Eu não tenho conhecimento, mas confesso, mesmo que seja proibido confissões e o assunto amor, que não queria brigar, nem sentir que minhas mãos ainda estão acorrentadas as suas à pena de ver-te infeliz. Odeio quando a euforia me invade e eu me contradigo. Tenho saudades e vontades e tudo o que faço é fingir que não as vejo.
Finjo que não vejo esse nó maldito. Ser forte. Je ne regrette rien, repetidas vezes...

Talvez por isso passo tanto tempo sem escrever. Já não sei mais o que dizer quando sinto tanta coisa.
Tanta coisa que não sei dizer. Amarrada, mal-compreendida, duvidosa...
Bastam apenas palavras? Medo. Medo. Medo. Um pouco mais de medo. Saudade. Vontade. Desilusão. Culpa. Amor.

P.s: Existe em mim uma linha tênue que divide a mentira e a verdade.

Isso tudo vai passar... Já se passaram tantas coisas... Eu sou um rio que se deixa sentir a água correr por entre ele... Um rio que sente a correnteza, a calmaria, recebe vermes e flores, plantas...

Eu sou um rio que passa pela minha vida.

Na minha alegria há sim tristeza.

Mas que atire a primeira pedra
quem possui tristeza

sem ter motivos de alegrar-se.

Sempre há.

Sempre terei motivos para sorrir.