29 de dezembro de 2010

Fale por mim, Caio.

Quando se tem muito a dizer
e não se sabe o que escrever...


"Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei."

"Eu gostaria de ir embora para uma cidade qualquer, bem longe daqui, onde ninguém me conhecesse, onde não me tratassem com consideração apenas por eu ser “o filho de fulano” ou “o neto de beltrano”. Onde eu pudesse experimentar por mim mesmo as minhas asas para descobrir, enfim, se elas são realmente fortes como imagino. E se não forem, mesmo que quebrassem ao primeiro vôo, mesmo que após um certo tempo eu voltasse derrotado, ferido, humilhado - mesmo assim restaria o consolo de ter descoberto que valho o que sou."


"Feito febre, baixava às vezes nele aquela sensação de que nada daria jamais certo, que todos os esforços seriam para sempre inúteis, e coisa nenhuma de alguma forma se modificaria." (Hoje.)

"Vai passar,
tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas"

"Um desanimo. Uma lerdeza. Um oco. Aquela velha sensação de estar jogando fora a vida"

"Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem não aposta. Como quem brinca somente."

"Me entende, eu não quis, eu não quero, eu sofro, eu tenho medo, me dá a tua mão, entende, por favor. Eu tenho medo, merda!Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fos...se e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto." (Hoje.)

2 de dezembro de 2010

O que será que será?

21 de novembro de 2010

Um porvir sob nova direção.

A ressignificação:

que minha família pede a mim.
que meus amigos observam em conversas cotidianas.
que minha alma sussura na hora de deitar.
que o meu coração expressa na dor do dia seguinte a um dia, noite ou semana vivida de forma não correspondente a sua vontade.

Dessa vez eu não só quero como vou:

Falar mais baixo.
Não falar palavrão.
Ser mais discreta.
Estudar mais. Falar menos e reclamar menos.
Acreditar mais em mim. Acreditar mais nos outros.
Me amar mais. Amar mais os outros.
Abaixar o nariz e sorrir. Sorrir mais, sempre.

Auto-conhecimento.
Auto-aceitação.
Reforma íntima.

O ar já dá a sensação do novo.
Eu quero crescer.

E a cada passo me reconhecer pequena.

Assim
a
vida
seguirá o rumo
certo.


(Hoje,
ainda mais feliz por um final de semana muito feliz... A vida não pára e os momentos bons também não, eu sei. É bom saber que as minhas mãos ainda vão tocar outras mãos... Que meu rosto ainda vai receber novas e velhas carícias, que meu olhar ainda vai conhecer outros olhares, que a minha casa ainda vai ser lugar de festa... Que em meu coração sempre vai haver mais espaço para uma pessoa nova. Meu coração não sabe substituir. Mas está adorando acumular tanta coisa. Felicidade. Reforma. Esperança. Reflexão. Vontade. E, obs.: eu preciso de arte para viver bem. Sem ela, eu sobrevivo e nada mais.)

15 de novembro de 2010

Quero ser-te ou queria ser-te nº02: Sabiá e beija-florzinha.



Avô: Uma relação com inversão de sentidos. Porque se te conheci, foi quando você foi ai pro céu. Se te conheci, foi em meus sonhos. E se tive esperança, foi porque senti suas mãos quentes me abençoarem enquanto durmo. Não conheci tua vida terrestre nem mesmo teus gritos. Eles não existiram pra mim. Você é tão puro quanto o céu em meu coraçao. Meu querido tão tão amado, vou ser luz para recompensar o colo que sempre me deu. Aqui mesmo, quando chegava à porta com mel e histórias de bichos falantes. Aqui mesmo, onde tantas vezes me chamou de sabiázinha e beija-florzinha.
O tempo tão pequeno que viveu na Terra comigo nesta encarnação, amado meu, foi suficiente para continuar com o laço que nunca vai ser interrompido.

Por isso, como sempre quis, por coincidência ou não,
vou ser tua sabiá.
vou ser tua beija-florzinha.

Eu te amo.

14 de novembro de 2010

Porque há o direito ao grito.

Uma madrugada típica
Sem café.
Só linha, só quadrado. Nada fluído.

A solidão: tevê. luz do banheiro acesa. gosto amargo na boca. dor nas costas.

Quero quebrar esse silêncio
Pra que dizer não a coragem se não tenho o que e a quem temer?

O passado já revi.
A mim já perdoei.

Agora eu sigo,
o mundo não pára de girar quando eu choro.

Vou buscar minha felicidade.
Vou sim abrir o peito.
Vou sim gritar meu mundo, vou sim defender meu pensamento.

Sou tão filha do Pai quanto minha mãe e meu pai.
Quanto o meu irmão.
Me sinto tão próxima dele como o mendigo na rua
e como a presidente do Brasil.

Ainda sei rezar, sentir paz, esperança e fé.
Ainda sei fazer caridade, sorrir e dançar.

E cada dia mais isso me é comprovado.

Eu tenho refúgio: aqui.

Porque a minha glória pode ser o teu fracasso.
e a sua glória
a minha fraqueza.

Eu tenho os meus limites.
E o meu além.

Eu confio por isso grito.
Agora eu vou falar.

Basta.

Vou cuidar dos seus olhos para que me veja nº02.

Na verdade agora eu só queria o silêncio.

Porém, preciso, como sempre, dizer a que vim.

Vim para dizer que tudo o que posso tenho feito. Eu sempre amei você, e no âmago da minha alma, o que mais me dói é te ver triste.
Tenho tentado, dia trás dia, mostrar que estou ao seu lado. Tenho tentado fazer você sorrir, tentado te mostrar que não está sozinha.

Contudo, continua a gritar pela casa, com sua voz ácida, capaz de desabar mundos, que é sozinha. Que sempre foi sozinha.
Que não faz diferença.
Como não faz se a fase mais importante da minha vida te contém? Como não, como não, se a minha dor só tem você?

Como se eu nasci de suas entranhas?

Como se o seu choro é uma ferida que existe em meu coração, e cada queda dele pelo seu rosto é igual a abertura dessa ferida? Ferida que parece tão antiga. Tão velha. E não morre.

Acho mesmo que você está fatalmente apegada a dor. E não consegue abandoná-la.
Acho mesmo que se você está no fundo do poço, acabou ficando cega e não enxerga a mesma luz que eu.
Eu tento te dar a mão e sair do poço com você. Mas você não quer. Você fica. Você insiste em chorar a luz que existe, mas que você não vê.

O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS.

Eu estou aqui, ainda que você não acredite. Talvez, com o tempo, eu recupere a confiança que você não tem mais em mim. Eu já estou tentando recuperá-la, não estou vendo muitos resultados, visto que você sempre repete essa sua solidão que, sinceramente, não existe. Porém, vou continuar tentando.
Vou te dar a mão.

Vou cuidar dos seus olhos para que me veja.
E sim, também vim para dizer que

te amo.

Roxanne, Réquiem, Ravel.

Brasília, 04 de novembro de 2010.
Noite.

E se, agora, eu deixasse tudo isso sair?
Um dia escrevi que meus olhos eram feridas estancadas prontas para jorrar, a qualquer momento, jatos de infelicidades mal explicadas.
E se eu dissesse “que jorre”?

Guardei tanto sentimento que hoje sou todos eles, estáticos.
Sou inchada, feia, desarrumada... E meu olhar não expressa mais nada.

O piano toca e pede que eu os solte. Pede que eu liberte esses anjos e esses demônios em mim.
Como eu, o piano me quer leve. Frouxa, somente amor... Tranqüilo amor.

Eu amei.
Eu senti vontade.
Eu senti raiva.
Eu senti duvida.
Eu senti tristeza.
Eu senti arrependimento.
Eu senti esperança.
Eu senti pena.

Eu senti amor.

E sim, se eu pudesse, viveria em um mundo que só reinasse ele...
Eu queria sim voar, eu queria sim amar, eu queria sim sorrir, dançar, atuar, pintar, cantar, eu queria sim viver por sorrir e sorrir por viver.

Existe um lado meu que de nada reclama. Existe um lado que compreende a vida real e que anseia trabalho... Que reconhece que o mundo-moinho não é lugar de felicidade.
Que o mundo-moinho pede amor.

Mas existe outro lado que quer viver sozinho e feliz,
eu quero viver na Disney,
eu quero viver nos quadros
eu quero viver nos PALCOS
eu quero viver outras vidas e somente elas
somente elas

Eu senti cansaço.
Eu senti dor.
Eu senti, senti muito.

Eu ainda sinto!
EU AINDA SINTO.

E se agora, pudesse gritar, gritaria vários nomes, gritaria com muita força! Com uma força que crê em sua capacidade.

Eu sou um ser humano e eu estou fraca agora.

Mas depois desse choro, desse grito, depois de assumir o que senti, depois de esvaziar todo o meu corpo, depois de esvaziar minha mente e só deixar o amor, eu vou me levantar.

eu vou me levantar, e sem cambalear vou até você.
seja por um caminho longo, de mil anos.
seja por um caminho curto.
seja por um caminho tortuoso.

Que você nem exista.

eu só preciso do caminho.

eu só preciso do caminho.


Quero flor. Quero azul. Quero pássaro. Quero árvore. Quero cachorro. Quero néctar.

A chuva cai tão intensa. Como se dissesse algo.

30 de setembro de 2010

Oração a mim mesmo.

"Que eu me permita
olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que, prepotentemente, penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos
e minha boca estática,
as palavras que se fazem gestos
e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre
escutar aquilo que eu não tenho
me permitido escutar.
Saber realizar
os sonhos que nascem em mim
e por mim
e comigo morrem por eu não os saber sonhos.
Então, que eu possa viver
os sonhos possíveis
e os impossíveis;
aqueles que morrem
e ressuscitam
a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras
pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental
(aquela que a alma cria e
que só ela, alma, ouve
e só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância
que se mostra
nas pequenas manifestações
da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
que entra pelos meus olhos
fazendo-me parte suprema da natureza,
criando-me
e recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza
e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,
que em vão não sejam
minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos
com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada,
principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!
Que eu adormeça
toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um homem sereno
dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites
pequenos e inexatos,
humilde diante de minhas grandezas
tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
minhas grandezas
e o quanto é valiosa
minha pequenez).
Que eu me permita ser mãe,
ser pai,
e, se for preciso,
ser órfão.
Permita-me eu ensinar o pouco que sei
e aprender o muito que não sei,
traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender a alegria
com que os simples traduzem suas experiências;
respeitar incondicionalmente
o ser;
o ser por si só,
por mais nada que possa ter além de sua essência,
auxiliar a solidão de quem chegou,
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar
e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo
gentilezas.
Que eu jamais fique só,
mesmo quando
eu me queira só."

23 de setembro de 2010

Pode-se dizer que ela vivia.

Ela vivia em teatros, em ensaios e em cafés..
Vivia em casas familiares, fazendo lanches em fim de tarde
Dormindo tarde entre conversas adolescentes.

Ela gostava do cheiro de terra molhada
e, quando sozinha, tinha medo do vento.

Ela vivia ignorando paixões
E vivendo sonhos.
Vivendo a sua arte
e o seu amor...

Ela vivia por saber que podia viver.
Nenhum risco corria.

Vivia em casas de madeira
em que bruxas e anjos decoravam

Ela andava por aí,
com as sua saias no pés

Andava por aí com as suas unhas coloridas e compridas
seus anéis de côco
Seu cabelo semi pintado...

Ela apreciava as músicas por suas melodias
E por lembrarem-na
de suas aspiraçoes.

Pode se dizer que ela vivia
em seus sonhos.


Hoje o caos do mundo real a acordou
O barulho foi tanto que pôde atrapalhar seu sono tão profundo...

A menina que nem sabia que seu coração tinha outras capacidades a não ser sonhar,
anda com este, louco,
que disputa com o mundo quem bate mais forte.

Anda por aí tentando ser ouvida,
e tentando ouvir.

Por vezes ela acredita que poderia ter resistido um pouco mais
e mais tempo ter dormido.

A noite, quando se deita, ela fecha os seus olhos e com força mentaliza o seu tão lindo mundo dos sonhos.
E pede ao Papai do céu que a leve até ele.

Dizem que desejos e imagens pensadas intensamente podem se concretizar.

Quando acorda, engole o gosto amargo de ter que encarar a correnteza.

Mas também dizem que tudo o que foi vivido
continua acontecendo.
São ondas que pairam sobre o universo.

Então ela segue a procura do encontro com o registro de seus momentos...

Durante o dia,
ela tem seus pelos arrepiados pela saudade
tem vontade de chorar,
mas não consegue.

Outras vezes ela acredita que o mundo de mentira é este aqui.

E por isso deixa escapar alguns olhares brilhantes, de esperança.

Outras vezes, ainda,
ela chega a aceitar o fato de um novo mundo.

Mas com a condição do silêncio.

Pode-se dizer que ela quer paz.
Ela sente falta
do conforto de morar em um mundo que lhe caiba.
ela sente falta de poder explorar cada canto...
cada brecha....
Ela sente falta de morar em um mundo grande.

Hoje, nesse mundo limitado, ela vai se ajeitando.
Procurando uma posição que não doa.

Pode-se dizer que ela mora em um mundo pequeno.

20 de setembro de 2010





Queria morar pra sempre aqui.

15 de setembro de 2010

Felicidade não tem fim... Tristeza sim.

Existe uma grande força que me impulsiona
Em viver sabendo a semente que planto
Escolha feita por mim e por mais ninguém
Pensando apenas na alegria da chegada e na luta da estrada
Felicidade existe.
E por isso continuo a caminhar.
Companheira ela ainda não é, pois ainda não existe o seu lugar.
Mas cada vez mais me refaço e me fortaleço
Para a tristeza também não há abrigo.
Estrada de trabalho a que caminho
Eu vim para servir,
Eu vim fazer brotar
a felicidade
em mim
.
.
.
.
Eu semeio felicidade
pra eternidade...


eternidade...

12 de setembro de 2010

Vivo em um mundo que não me pertence.


Não vou ser nada que já não me caiba.
E me satisfaz ser o que já me coube em um passado nem tão distante...
Saudade do video-game. Do rock. Das amigas.
Da casa e da chuva na fazenda.
Do início de uma vida ainda tão nova e já tão esquecida...
Uma ansiedade-vontade do passado.
Uma saudade pressentida do futuro.
A insistência do clichê:
Saudade da inocência, do não saber por não querer, da pressa boa, da imunidade merecida.
Saudade dessas de amor...
Vontade exacerbada de um mundo que nem parecia tão complicado.
De cor mais azul, onde desrespeito, violência e incompreensão eram palavras de ouvido, que assustavam, mas não conseguiam fazer alusão ao mundo que hoje me coloco.

Pequenas vidas, se fechem sim na bolha.
Pintem sim os seus mundos e, se puderem, adiem a vinda para o mundo-moinho.
Aqui a felicidade é falsa e passageira por saber-se como tal.
Não se é triste com o corte no pé.
Mas já não se sabe se de fato é tristeza o que sentimos a cada pulsar do coração.
Aqui nem mesmo ela é muito liberada
para quem sonha.
É limitada, porque a covardia também deve ser momentânea e falsa.

Um mundo moinho que pede amor.

Esse é o grande desafio.

Se pudesse,
parava o relógio pra que mais tempo vocês pudessem viver nesse mundo bom - fantasiado, mas onde é mais facil amar.
Assim tambem retardaria a obrigaçao de viver minha coragem à luta que me espera.

Mas é claro que as horas ficariam insatisfeitas e voltariam a me roubar os tentos...

Logo eu ali de novo.



(Espero o tempo em que o mundo ame. Amarei mais facilmente.
Mas todos sabemos que não se trata de soluçao
Trata-se de consequência.

Eu moro aqui.)

7 de setembro de 2010

Vende-se.





Meu coração deveria ouvir os avisos da minha alma.
Com isso nada tenho a ver.
Mas sinto suas batidas sempre tão fortes e aflitas,
E ao mesmo tempo o latejo na minha cabeça.
Por vezes o coração se acalma, mas os avisos parecem apenas ter dado uma brecha.
Uma verdade que, de vez em quando, deixa se passar por mentira.
Fato é que meu coração é louco.
Só se acalma com doses altas de ilusão.
Doses estas que cegam e ensurdecem ainda mais.
(Ele deveria ouvir mais vezes a alma.)
Doses estas que cada vez mais enfraquecem e viciam o coração.
Pois é tão triste voltar para a realidade...
Voltar é o problema. Nunca ter saído é a solução.
Solução existente se não houvesse o problema.
Portanto deficiente este coração.

E a alma se sente culpada como uma mãe que tenta proteger o filho mas não consegue livrá-lo do sofrimento.

Mas com isso nada tenho a ver.
No máximo empresto-lhe, ao coração, os olhos para que possa derramar o excesso de cansaço que dentro de sei guarda.

Tantas tentativas e o vício de não se amar.
Tanto amor dentro deste coração e ele não mora aqui.
Faz troca. Insiste em abrigar pessoas inconfiáveis e em morar em becos,
Lares tão maltratados quanto o seu.

Seis por meia dúzia.

A realidade sim é dura.
Quando, ao voltar para o seu lar, vê tanto amor que ninguém quis, a sua casa tão mal amada, tão destruída e mal cuidada.
Sem focas mais uma vez ele cede.
E nunca ninguém cuida dessa casa solteira e só.
As doses de ilusão não resolvem... De porta em porá ele continua, aproveitando a brecha da alma.
Mas sempre torna a realidade.


Meu coração não é muito diferente de tantos.
Mas eu gostaria que assim fosse.
Alma essa que tanto avisa,
Que tanto dá respostas sem ter perguntas.
Meu coração não questiona, nem curioso é....
Talvez por isso não ouça as respostas necessárias ao seu desespero.
Meu coração não se ama e só sabe amar.
A casa já é pequena demais para ele e sua bagagem enorme de amor.
Mas pequena só para ele.
Pois casa esta que todos abriga e a todos conforta.
Todos com um pouquinho de amor, que nada é comparado ao dele.
De tão fracos e falsos acabam, e a casa continua mal cuidada.

Talvez por isso: caridoso demais,
Dá sem ver a quem
Abdica do seu lar para que seus outros semelhantes tenham aonde morar.
Por isso sofre este coração louco.

Tantas metáforas para dizer que a mais sensata é a alma.
Mas eu sou coração.
Sim, com tudo isso tenho a ver.


Eu não moro mais em mim.

29 de agosto de 2010

Correndo risco de morte por mim mesma.

Palavras quando ditas tem poder maior de ferimento.
É como uma arma que nasceu em você
e estando ali, parada, não te dói tanto,
a não ser a sua presença amargurável.
A arma quando arrancada leva pedaços.
Pedaços que definiam ou fingiam definir.
Eu não existo mais.
Mas é preciso existir.
Agora, tudo se resume no agora.
Porque o agora tomou rumos inimagináveis.
Nada parece realmente estar acontecendo...
Parece pesadelo e sim... Nem sempre os sonhos convencem.

Mais do que nunca, agora eu vivo só.
Sozinha e largada num mundo de gente.
Nem isso nem aquilo.
Eu.
Presa, torturada, amargurada.
Aquele velho e conhecido barco
Tonto e amarrado.
Embrigado.

E qualquer definição pode ser arma.
Sozinha e armada.
Correndo risco de morte
Por mim mesma.

Nuvem negra sempre negra
Que nunca precipita.

Nuvem negra que nunca precipita.





Vide vida.

Nuvem negra
que nunca precipita.

Assim a
menina se
prende a
nuvem.

As mãos de corda.

A menina das mãos de agulha.


Nesse sonho ela voa.
Mas morre.
Voando morre.

Com a nuvem negra eterna negra
Eterna. Às vezes nem os sonhos convencem...

Quando viver é um fato que dói.



Quando a vulnerabilidade é estado de espírito.
E o corpo é um oco de orgãos virados do avesso.
Quando os olhos, de tão saturados, não mais existem. E choram a falta de outros que o conheceram.
As mãos são as mesmas. O risco de morte por mim mesma quando a nuvem negra é eterna negra e não precipita.
O nu como exposição vulnerável.
O coração louco e desesperado, exposto, que o vendaval resseca.
Cada vez mais seco.
Mais fraco.
Mais salgado.
Jorrando sangue na luta pelo equilíbrio.
Trata-se de um tempo sem relógio.
Num mundo cheio, porém sozinho. Num mundo-moinho, aonde os sonhos não convencem. Aonde os sonhos são triturados. O mundo que é buraco negro
e que abriga uma vida doente.

Quando viver é um fato que dói.

18 de agosto de 2010

O mundo como sala de espera.

Do dia eu só espero a noite.
E da noite, só espero...

Espero meu ato.
E o fato.

Espero você e a vida
Que se confundem num céu de nuvens
Cheias.
Quero a precipitação dos seus atos e as lágrimas da vida.

Espero acordar minhas sonolentas descobertas
Ainda encobertas e em cobertas
Na cama que é leito do choro que meu corpo exala.
E do desejo que insiste em suprir faltas, e que cada vez mais cava buracos.

Eu espero não mais desejar queimando.
Para que o fogo que cria não seja o mesmo que destrói.
E machuca.
Não mais roube e sim doe.

Espero, mais que isso, o dia que o roubo seja troca.
Que o fogo só sirva para aquecer o que a coberta não mais encobrirá.

Eu espero e desespero.

3 de agosto de 2010




"Quem me vê sempre parado,
Distante garante que eu não sei sambar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo as pernas de louça
Da moça que passa e não posso pegar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo,
Pedindo pra gente cantar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"


Francisco Buarque de Hollanda

26 de julho de 2010

Vou cuidar dos seus olhos para que me veja.

Olá, Papai.

Posso me sentar aqui só um pouquinho?
Tive um dia cheio... O seu também não deve ter sido diferente.
Estudei, como sempre. Fui às aulas na academia e fiz análise.
Mas o que eu quero te dizer, papai... É que...
Assim, as aulas de hidroterapia são muito relaxantes. Tem sido ótimo pra minha coluna.
A escola tem me estressado cada vez mais. O professor de física me lembra tanto você. Mas ele é um pouco chato.
E na verdade análise nem é tão bom quando eu pensava ser.

Pai, desculpa. Não vim aqui pra te dizer essas coisas.
Apesar de que seria bom que tivéssemos essa conversa todos os dias, né?
Confesso que tenho curiosidade para saber como foi o seu dia de trabalho. Eu já sei que você passa o dia ao telefone, que você às vezes grita e que fica com fome no meio da tarde. Sei que você sempre chega cansado, noite trás noite.
Nada mais.
Eu quero te dizer que você tem razão quando diz que eu eu sou uma filha "ausente", e que não ligo para os seus problemas. Talvez você veja as coisas por um lado piorado, até porque não é que eu não ligue ou não me preocupe com você... É impensado. A sua vida sempre foi distante da minha e se é pra te falar a verdade, só vim a questionar seus sentimentos há uns anos.
Você também tem razão quando diz que eu vivo no meu mundo. Em um mundo que talvez você não faça parte, nem a mamãe, nem os meus irmãos. Mas também não é por querer.
Você sabe... Quer dizer, você não sabe... Mas tudo isso tem razão. Talvez um porquê. Só não vou lhe dizer agora, papai...
Mas te prometo uma coisa: -uma não, muitas delas:
Eu sou a filha que você sempre sonhou ter.
Tudo bem, posso ainda não ser. Mas em mim está plantada uma semente sua...
Você não vê?
Eu te prometo passar na melhor universidade. Eu te prometo ganhar meu dinheiro e depender só um pouquinho de você. Eu prometo fazer caridade todo dia... Toda semana. Prometo falar mais baixo, cheirar alfazema e frequentar lares espíritas nem que seja em dias alternados. Prometo ser uma atriz que te encha de lágrimas os olhos em pelo menos um dos milhares de espetáculos que pretendo estar. Prometo sermos tão felizes... E não sentirei mais a sua falta quando ver a poltrona vazia. Pois saberei que alguma reunião te surpreendeu e que você está com a cabeça em mim, me desejando "merda".
Prometo, papai, não me meter com drogas e não beber além da conta. Prometo não fumar.
Sabe aqueles livros que você sempre diz que gostaria que eu lesse? Eu os lerei, e com certeza, escreverei alguns à altura. Serei uma escritora cheia de vocábulario.
Vou dominar a geografia que tanto me domina atualmente. Vou me acostumar a ler o jornal todos os dias para ver o que se passa no mundo.
Eu já começei a comer mais frutas. Quase todo dia eu como uma maçã, tomo um copo do suco de laranja que você faz tão cuidadosamente e encho o prato de salada como entrada no almoço. Mas não sei se você cuidou de olhar. Mas não tem problema: eu prometo aumentar a frequencia das refeições saudáveis e prometo que você vai ver.

Não, Papai. Não precisa chorar.



Na verdade, pára de chorar, por favor?



Eu nunca soube que seus olhos derramavam lágrimas.



Pai, eu sei que te confundo a cabeça. Eu sei de tudo. Mas não sei de nada.
Não sei falar-lhe e não sei demonstrar.
Me calei por tanto tempo e hoje...
Hoje eu quero lhe pedir perdão.
Perdão por ter me magoado com as suas palavras que machucam tanto, e assim levantar o nariz que você tanto calcitra, e assim alterar o tom de voz, e assim chorar, e assim me desesperar.
Perdão por não fazer o senhor se interessar pela minha vida.
Perdão por não te mostrar em meu olhar mais esperança e comprometimento com a vida.
Se pudesse, daria meus olhos para que tomasse conta, que nem naquela música do Chico que tanto já cantarolamos.
Perdão por não apagar as luzes e quebrar tantos copos, perder tantos celulares.
Perdão pelas vezes que me ouviu falando palavrão. Perdão por não aguentar que me chames de...
Perdão.

Não quero te magoar. Nem fazer vir à tona lembranças que te machuquem.
A gente sabe também que existem outras que graças a Deus a gente não lembra, pra não se odiar.

Quero te pedir perdão e colocar em você metade dessa semente sua que há em mim.
Quero dizer a que vim:

Vim para dizer que te amo.


Boa noite.

20 de julho de 2010

Beija-flor.

A vida continua seguindo o seu rumo e assim cursando o meu percurso.

A mim muito importa o amor.

Ele é a rosa amarela que segue florindo os meus passos.

É a esperança que aflora nesses mesmos secos e cansados.

Quero ser calmaria para os afoitos e ventania para os esquecidos.

Mesmo sozinha, sou feliz aqui.

O empenho me impulsiona.

Cada passo é uma vitória que me instiga a chegada: a partida aprimorada.

Não vou ser ninguém que já não me caiba ser.

Nem vou habitar mundos que não imagino.

E assim continuo a caminhar.

Com beijos em flores.

Em flores que beijam

Como a rosa amarela.

14 de julho de 2010

Queria ser-te



Pássaro leve.
Livre gaivota.
Tranquila borboleta.
Solto beija-flor
Que a flor beija.
Que a flor beija...

5 de julho de 2010

3 de julho de 2010



"Não, nao fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal que o faz de conta terminasse assim
Pra lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
'O que é que a vida vai fazer de mim?' "


"Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz"



"Quando ela chora não sei se é dos olhos pra fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora está fora de si
Com seu estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema, ela faz cinema
Ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual
Quando ela mente não sei se ela deveras sente o que mente pra mim
Serei eu meramente mais um personagem efêmero da sua trama
Quando vestida de preto, dá-me um beijo seco, prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão me clama...
Ela faz cinema, ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém me faz
Eu não sei se ela sabe o que fez quando fez o meu peito cantar outra vez
Quando ela jura não sei porque, Deus, ela jura que tem coração
E quando o meu coração se inflama
Ela faz cinema, ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver bem e fim."

26 de junho de 2010

Não entitulado

Rasgando-me eu vou seguindo
Para depois me retalhar.
E volto a me amarrar.
Dou meus passos
E rasgo-me mais um pouco.

Sou aquela boneca de pano que a doce menina tanto gosta.
Sou essa que cessa por minutos a sua solidão.
Sou seu fantoche, sua fantasia, que não pode viver nem fugir se não conduzida.
Não posso deixá-la.
Por isso me rasgo.

Não sou barco sem amarras, como se pode ver.
Mas sou ele mesmo embriagado.
Tonto e amarrado.
Cada vez mais torturado.

Logo eu que não sei quase nada do mar
E descobri que não sei nada de mim...

Estou atada ao mundo como a dor está ao amor.
Louca e desesperada, só existe se com ele for.






Parafraseando Chico, Adriana e Ana.

22 de junho de 2010

"É o tempo que te tem, menina.

o tempo me diz que rir da juventude é atestado de estupidez.

as décadas ridicularizam as piadas etárias, enquanto, você, tão moderno, enche a cara e abraça a constituição.
veste a carapuça da caretice. chama a polícia, porque tem menor bebendo uísque, enquanto você bebe alcatrão.

Digo, pois, que o maior problema de quem confunde maturidade e maioridade é o fim do horário de verão:

eis que, o desagradável da vez, percebe que uma hora não lhe faz a menor diferença.

é, nada mais, do que um tempo a mais pra pensar nos verões que passaram e nas novidades que parecem tão repetitivas hoje.

diante disso, ver você, que valoriza o florescer, ter uma hora a mais para ser interessante, é foda.

No tempo que passou, a maturidade foi tecida com cuidado, como vejo você tecer a sua, menina.

certas armadilhas nos fazem amadurecer rápido, você muito bem sabe.

o tempo fez de nós velhos jovens.

Velhos jovens que nauseiam diante da limitação imposta por valores morais antiquados, reforçados aos quatro cantos por pessoas pouco interessantes.

enfio nelas, agora, o gosto da maioridade.

e você, menina, goza.

olha como giram os ponteiros, na cadência que você gosta.

no atraso do relógio, os que não gozaram na hora passada são os mesmos que fazem piada da juventude.

então goza o tempo.

porque é o tempo que te tem, mulher."



Texto escrito por Tainá Lopes. Tudo a ver.

17 de junho de 2010

Além-palco

Já tensos, os pés pisam o chão enquanto o corpo, igualmente tenso e ansioso, se espreguiça.
A garganta, tentando se preparar vibra na intenção de ser aquecida.

Os pensamentos voam longe. A tão ensaiada peça já não causa entusiasmo. Os problemas são maiores.
O vento frio que bate no rosto deixa a garganta ainda mais irritada e ela, furiosa, insiste no aquecimento. Procura abrigo e se movimenta.
As mãos procuram o roteiro.

Agora os pensamentos mudaram de rumo. O teatro é a artéria. É o sangue. É mais: é o coração que bombeia a vida.

O dia segue.
A maquiagem começa. O falatório também.
Uma concentração descontraída, e a voz às vezes faltando com o compromisso.

O figurino molda o corpo, que agora é ainda mais visitado pelo personagem.

Os mesmos pés tensos e ansiosos pisam, enfim, o palco.
As mãos suam frias.
A música toca. O pensamento se contraria e se arrepende. Não sabe nem ao menos o que está fazendo ali, repetindo frases feitas periodicamente.
A hora chega. O holofote acende. Os pés e as mãos ficam quentes. O coração bate forte. (O coração que bombeia o corpo e o coração que bombeia a vida.).
A garganta solta a sua voz, e ela ecoa. O piloto automático é ligado.
O teatro está lotado. O prazer é anestesiante e por vezes duvidoso. A respiração fica profunda e ciclicamente mais curta.
As luzes se apagam.



E agora os pés, a garganta, o rosto, o sangue e as mãos finalmente relaxam.
O mesmo figurino é abandonado pelo personagem, mas continua ali, secando todo o suor que ele provocou na atriz.
Seu coração é o único que continua batendo forte. Dessa vez de satisfação.
O cérebro trabalha mais lentamente e a endorfina rola solta.
Tudo ferve quando ele provoca. Tudo ferve depois que ele nos deixa ser. Tem gosto molhado, salgado. Tem gosto úmido o pós-cena.

Tem magia o pós-teatro. Esse que nos faz bobas hipnóticas. Verdadeiras Bacantes sem estarmos necessariamente na tragédia de Eurípedes.
Dionísio criou meu coração. E ainda que o corpo relaxe de satisfação, forte ele sempre baterá.

Foi bom pra mim. Como sempre.

Terra à vista

Não sei aonde foi exatamente que larguei o leão que sempre cavalguei. O destino me quis só por um tempo, e eu aceitei.

O meu leão teria se machucado, mais do que eu, nessa longa estrada.
E hoje eu tenho o mundo em minhas mãos.

Cheguei ao meu castelo, já posso até avistar-me... Logo ali.
Olho pra trás e vejo por onde andei: Tive medo; fui surpreendida; me entreguei; fui Alice; cai na armadilha, fui molamba e me perdi em um mundo que não me pertencia; perdi o brilho enquanto eu era o Sol; e ninguém veio.

A Lua me guiou e cheguei até aqui. Mais forte do que nunca, mais feliz e mais esperançosa. Não preciso mais do leão. Mas posso tê-lo.


E como prêmio falo com mais propriedade do que novamente me invade:
O amor.

10 de maio de 2010

Pequenos achados

Fuçando alguns arquivos, achei uns versinhos bobos que fiz na primavera do ano passado. Pelo que eu me lembro, estava na escola, pensando na minha admiração pelos grandes poetas... E aí, pus-me a brincar!


Você é uma obra
Posso ver as aspas
E, no pé, a assinatura similar
À daquele que criou o mar

____

Sempre penso que alguém quer me ler
Mas na verdade, eu só penso em você
Se ao menos isso você pudesse saber
Meus versos infantis me consolam
Que saudade da aurora da minha vida
Da aurora perdida
Aonde não haviam promessas
Também não haviam seus olhos, seus sorrisos, caras e bocas
Nem você existia
No entanto tudo parecia esperar
Tudo empurrava a porta
Tudo me matava
E você abriu, solucionou
Você me viveu
E, sinto muito,
Ainda vive no meu olhar

__________

Todo o meu amor
Foi feito pra você
Ele não aceita viver
Fora do seu lugar
Como eu não consigo viver
Longe do teu olhar
Longe de você
Por favor, esteja em mim
Não vá embora,
Não arranque a flor que nasceu de você
Perdoa, meu amor, os arranhões que já me fiz
Prejudicando assim
Nosso amor tão feliz
____________

13 de abril de 2010

"A estrela que mais brilhar"

Hoje, pela primeira vez em anos, olhei para o céu e não me lembrei de você. Quer dizer, não me lembrei como costumava me lembrar: lembrava de você e depois olhava para o céu. Olhava para o céu porque lembrava de você e o céu intensificava ainda mais essa lembrança.
É claro que depois de alguns segundos já estava lá você na minha mente. Olhei mais uma vez para o teto negro e suas pintinhas brilhantes, me perguntando o porque de esse cenário me lembrar tanto você. A resposta de sempre me veio a cabeça: é algo que nós dois podemos ver ao mesmo tempo. Algo nosso e incondicional. Mas uma pergunta pertinente e, talvez pra vida toda, me surgiu. Minha mais bela obra admirada, porque posso contemplar as mais longínquas estrelas e o mesmo não me é concebido com você, que está tão mais perto dos olhos e do coração? Sim, sim. Você conseguiu o lugar da minha mais antiga e maior paixão: o céu. Porque na realidade, encantador e realmente deleitável seria mesmo te ter em todos os céus, contemplando teu corpo, com teu brilho consumado pelas estrelas espalhadas pela sua silhueta.
Não tenho saudade. Tenho amor. Que você seja sempre, ao menos, a estrela que mais brilhar.

22 de março de 2010

Eu posso

Nasci na década de noventa, enquanto sou da década de 50 e só vivi a parti dos anos dois mil. Vivo com muita pressa de ver de perto futuro e, por uma leseira qualquer, lembro-me só agora do quão agradável era o meu passado.
Fico mais motivada e também mais atormentada quando ouço Chico Buarque e leio Vinícius. Ou quando ouço Vinícius e leio Chico. Também quando vejo Chico e absorvo as cartas de Clarice.
Obviamente, aos meus benditos 15 anos não sei muito de História e não me sei me situar na linha do tempo. Essa coisa de 50, 90, 2000 me deixa um tanto confusa.
Sempre fui Romântica, mas só fui saber o que é ser Romântico de verdade nesses últimos tempos. Tenho ideias Iluministas, mas não sei ao certo como se viveu o Iluminismo.
Não sou um estereótipo e não gosto nem um pouco dessas baboseiras modernistas. Se não sou isso, sou aquilo, se sou aquilo não sou isso. E depender muito do isso ou do aquilo para me posicionar socialmente me deixa um tanto quanto enfadada. Não gosto só do Chico. Ouço Rock, Punk, Hardcore, Blackmusic, Fábio Júnior, Elton John, The Beatles, conheço algumas faixas do forró Dejavú e arranho muitas músicas que passam na Jovem Pan. Não gosto só do Vinícius. Leio Capricho e já assinei Witch. Não tenho como ídolos apenas artistas, admiro todo santo dia o operário que suja suas mãos – limpas de dignidade-, com o concreto que para nada lhe servirá.
Sou o que o sol do dia me oferece. Me visto de acordo com o meu humor, que também não pára.
Sou um pouco avoada e demoro a fazer associações. Costumo derrubar todo tipo de líquido(o que estiver na mesa) mais de uma vez por semana e quebro copos, pratos, afinal, qualquer porcelana, vidro ou ser quebrável numa frequência consideravelmente intensa. Não tenho mania de organização nem de limpeza. Meu quarto vive numa desorganização fora do comum e, confesso, não amo o “meu desarrumado”. Mas também não o odeio ao ponto de colocar tudo no lugar. Adoro me sentir limpa. Depois de um banho me sinto pronta pra tudo. Mas também não adoro tanto que tome banho quando chego de uma festa madrugada a fora.

Sinto falta do Rio de Janeiro, mas nunca morei. É como a confusão das décadas. Às vezes também não sei me situar no mapa. Gosto de ir a praia a noite, preferencialmente sozinha. Me fizeram gostar (mas gostei de primeira) do Baixo Leblon, da Lapa, do BG e da Farme. Amo Brasília. Mas só Brasília. As palavras Distrito Federal me irritam e igualmente as cidades satélites. Mesmo morando em uma.
Não entendo nada de política. Entendo um pouco de gente.
Odeio chopp, cerveja ou qualquer coisa que tenha relação com a cevada. Talvez um dia eu goste. Amo a capirinha, o scoth, o licor e o vinho. Adoro drinks gays como saquê, caipifruta, lagoa azul e sex on the beach. Adoro gay. Nem sempre correspondo ao meu amor por tais bebidas. Não bebo... Mas já bebi e vou beber. Não fumo e acho o cigarro desnecessário. Não condeno quem fuma e não forço meu vício. Não me incomodo com fumaça de cigarro. Odeio bêbados e acho super divertido ficar bêbada.
No dia-a-dia, admiro mais mulheres do que homens. Tenho a auto-estima baixa e às vezes quero ser magra, alta, loira, sedutora e famosa, sim. Acho minha voz irritante, a minha risada ridícula e minhas brincadeiras uma tragédia. Falo muito alto. Não me importo em ficar de pernas abertas. Não controlo a minha postura.
Gosto dos meus sentimentos e cometo o erro de tentar reproduzi-los da forma mais original possível. Impossível.
Adoro escrever, mas como em tudo na vida, não tenho técnica e às vezes fico milênios sem escrever algo agradável aos olhos. Quanto à Clarice, adoro a sua complexidade, mas não compreendo boa parte das suas obras. Absorvo o que acho que pode ser, mas nunca se sabe...Comecei amando teatro. Hoje amo ainda mais e vivo bem melhor com a arte. Não sei se sou atriz, mas construo personagens, se quiser. Quero aprender teatro até morrer e se eu puder um dia me sustentar da atuação não vai ser nada mal. Posso fazer Jornalismo e trabalhar com Produção enquanto isso.

As minhas músicas preferidas costumam ser Brasileiras. As tradicionais e as novas. Mas não sou muito chegada a Caetano e a Elis. Não conheço tanto assim de João Gilberto. Acho o Cartola foda e o Pixinguinha um fofo. Tenho LPS do Chico mas é só pra dizer que tenho. Meus CDs Vinicius por Mabê, Isabella Taviani, Maria Gadú, Ana Carolina, Nando Reis, Luiza Possi, Martnália. Ah, eu amo samba! Mais ainda o de bateria! Sou Portelense mas adoro a Grande Rio e a Viradouro.

Acho lindo ser apaixonada, adoro ler os poetas da segunda geração romântica e sou quase adepta ao mal do século.
Sou espírita. Amo a Umbanda. Queria ser filha de Iemanjá. Quero ser que nem o Chico Xavier um dia, se puder. Tenho uma família tão complicada quanto eu e estamos sempre tentando manter o controle. Procuro minha força em mim mesma. No máximo e quase sempre na natureza também.
Adoro ler, mas nem leio muito.
Me assusto quando lembro que tenho 15 anos. Maldita década de 90.
Me empolgo quando penso no tempo que há pra viver.
E ai volto a pressa de ver de perto o meu futuro.
Odeio estereótipos, mas acabo de me estereotipar.
Eu posso.

12 de março de 2010

Ei, você.

Se eu disser que não sei, eu estaria mentindo. Se eu disser o por quê, eu também estaria mentindo, por que eu não sei. Não é sofrimento, não é tristeza, é dor. É uma dor interior, que não sei de onde vem e até quando fica. É uma dor de decepção de si, somente si. É uma dor de medo, de perda, de falta de palavras. É uma dor.
Não quero dramatizar nada, não estou. A não ser que essa dor seja dramática... mas não me importo no 'gênero' dela. Ela me incomoda e isso me importa.
É impossível explicar a falta, o quanto ás vezes me sinto sozinha. Não por falta de amigos, mas por falta de irmã. A irmã que eu não tive. É impossível acreditar que enfraqueceu algo tão intrínseco e mais impossível ainda é aceitar que a maior 'culpada' tenha nome: Eu. Saudade não mata, não está me ensinando a viver e tampouco sendo bom. O termo 'bom' da saudade não anda comigo... Aliás, grande parte do que eu quero não anda comigo, não como eu queria. Acontece.
Sempre insegura, com medo de perda e ele aumentou. Agora com força. Me incomoda comparar o antes com o agora. A certeza com a dúvida. Me incomoda pensar que tenho medo, que outras se fortalecem e gostam disso. Na questão 'outras' é o de menos. Ciúmes não é o ponto climax e também não é fato que me incomode tanto. Me incomoda tanto pensar que o antes não volta. E que a música é clara: "Nada do que foi será de novo de um jeito que já foi um dia."
Eu queria tanto... tanto. Queria acreditar que isso é possível. Não quero que estanque, que acostume, que normalize. Não é normal. Quero poder ligar toda hora, sem que force. Quero poder compartilhar bons e maus momentos, com naturalidade. Quero poder, quero ter, quero voltar, quero tudo, menos isso. Retorno, eu quero. A de sempre, eu quero. E poder perceber que não adianta, eu sempre vou querer. Por que é a minha, é a única, é a necessidade, é a melhor: amiga.
Eu.




(Texto escrito por Juliana Tavares)

27 de fevereiro de 2010

Pedra

Pequena, te sentes vigiada?
Te sente mínima perto de todos?
Tão grande que não cabe em ti?
Te sente mal, te sente feia?
Feia por dentro e por fora?
Teu sorriso já é tão sem vontade, tão falso
O que há com tu, pequenina?
Tão nova e já tão aflita... Os teus desejos estão tão opostos!
Teus pensamentos se embaralham e batem de frente
Ao menos se tu conseguisses chorar, minha menina... Te daria meu colo para quem sabe nele teu pranto se calar.
Porém, infelizmente nem o teu pranto tem som, tua tristeza não tem expressão e não há interpretação que traduza o que tu queres dizer
Tuas emoções foram atrofiadas? Aonde foram morar tuas expressões, pequena atriz?
Tuas paixões não quiseram ir embora e morreram em ti sem abandonar seu corpo?
A vida que existe em ti está doente, me parece até morta.
Brilha, pequena flor
Que de pequena só tens a ingenuidade
Brilhe propriamente mais uma vez e sem interrupções
Que o Sol é teu irmão mais velho e sozinho brilha sem de ninguém precisar.

20 de fevereiro de 2010

Preciso me encontrar

Deixe-me ir, preciso andar,
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Deixe-me ir, preciso andar,
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver
Deixe-me ir, preciso andar,
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar



Candeia

17 de fevereiro de 2010

Não te esperava

Ás vezes eu me olho no espelho, tentando perceber alguma resposta a tudo isso.
Me pergunto se a flor desabrochará no meio de tanta praga.
Me pergunto se o sol vai realmente nascer depois dessa longa noite escura.
Estou nadando contra a corrente e pergunto ao reflexo do espelho o que devo fazer.
A moça me olha, eu tento entendê-la, mas antes que eu consiga, dos seus olhos caem lágrimas e mais lágrimas que me deixam ainda mais fraca.
Estou perdida e cega entre tantos obstáculos
Hoje eu sou estrela sem brilho, sou ferida aberta que quando tocada inflama irremediavelmente
Hoje sou reflexão e simultaneamente revolta
Hoje sou mais paradoxal que ontem
Hoje eu sou confusão.

2 de fevereiro de 2010

Com licença poética: Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

1 de fevereiro de 2010



FOTOGRAFIA.(:) ARTE. DEMONSTRAÇÃO DE AFETO. CIDADES. FRIO. MÚSICA. MAR. BRONZEADO. RISOS. SORRISOS. EXPRESSÕES. LITERATURA. CORES. PESSOAS. OLHARES. BARES. LOUNGES. CACHORROS. BEBÊS. MULHERES. PROFESSORES. MÃES. PERSONAGENS. MAQUIAGEM. DIVERSIDADE. CARROS. OURO. CABELOS. DANÇAS. ESTILO. SUCOS. DRINKS. RELIGIÃO. AMOR. PAISAGENS. CONFIANÇA. SONHOS. BRASIL. LIVROS. HISTÓRIA. PARQUES. CASAS. APARTAMENTOS. RELÓGIOS. VINHOS. VOZES. SAMBA. BANHO. ROSAS. LÍRIOS. O RIO. FAMÍLIA. CASAMENTOS. AMIGOS. CONVERSAS. VENTO. CÉU, SOL, ESTRELA, LUA E NUVENS. CDS. QUADROS. PALCOS. QUARTOS. LENÇÓIS BRANCOS. MÃOS. CELULARES. CANETAS. PARIS. ÁRVORES. NOTEBOOKS. POETAS. QUEIJOS. CHEIROS. ANTIGUDADES. EXPERIÊNCIA. RELATOS. CINEMA.

28 de janeiro de 2010

Quisera

"Quisera eu ser a brisa que toca seu rosto e esvoaça seus cabelos.
Quem dera eu ser a Terra para disputar seu corpo com a alma.
Quisera eu ser sua roupa que dentro da gaveta espera ser escolhida.
Quisera eu ser seu travesseiro, sua coberta, para á noite cobrir seu corpo e seu rosto repousar.
Quisera eu ser seu pente para nos seus cabelos entrar e por eles deslizar.
Quisera eu ser a água em que banhas, que toca seu corpo e que lentamente você bebe.
Quisera eu ainda ser gente, menina-mulher, para você me amar e me fazer a mais feliz da face da terra."

O Sol existe

"Ainda que seja noite, o sol existe.
Por cima de pau e pedra, nuvens e tempestades, cobras e lagartos, o sol existe.
Ainda que tranquem o nosso quarto e apaguem a luz...
O Sol existe."


19/04/1984

Pensamento

"Quando te encontrei, cheiravas a um odor puro de uma essência que eu não conhecia, mas que eu gostava e me entorpecia...
Teu rosto era cálido e sóbrio como quem atrai e assusta sem deixar marcas de sedução, e eu ia...
A boca falava de uma poesia sem rimas que escarnecia e exaltava a um Deus, que por ironia, era eu.
No talvegue de teus ombros eu escorregava e me fixava em frente ao espelho, e te contemplava nu, puro, sem pecados.
Teus reflexos iam de encontro com meus desvairos, as unhas cravadas em tuas costas e que levemente deixavam marcas de um rio de sangue.
Nossa respiração é acelerada e num raio voamos juntos aos mais altos picos e planamos no ar ao lado de uma gaivota. Voltamos ao nosso ninho, me aconchego em teu peito e volto novamente a sentir odor que te corpo exala."


12/02/84

19 de dezembro de 1984

"Queria ser o sol, o vento, a roupa que vestes. Queria, ainda, ser teu pente, tua escova de dentes.
Queira queimar teu corpo, sussurar em teu ouvido, alisar teus cabelos e tocar teus lábios úmidos todas as manhãs... Antes de qualquer pessoa."

"Amar... Sentimento profundo. Adorar, querer, paixão.
Amar é ser livre, e ser livre é perdoar antes de mesmo de pecar. É querer sem saber, é dar sem ter; ser livre é querer amar com todos os membros, e se não conseguir, amar só com um: o coração."



Não é à tôa que te amo tanto...

Sedução

"Vou te consignar. Te colocarei em um oráculo e te farei o meu Deus. Te adorarei dia e noite e teu corpo será minha morada. Me darei a ti como a lua se dá a noite, te amarei com paixão, te consumirei em beijos, farei teu sangue correr como um rio caudaloso.
Devorarei teu corpo como se fosse a última vez, saberei teus mistérios e segredos, te darei meus encantos, te farei gente, homem, macho, feliz...
Chorarás lágrimas de amor e meus cabelos secarão o teu pranto.
Verei teu rosto mudar, te darei meu prazer, chamarás o meu nome, apertarás meu corpo, vais tremer.
Enxugarei teu suor com pétalas de rosas, vais aspirar o aroma do ópio e repousarás em seda branca o teu corpo másculo, forte, meu....
Trarei água para te acalmar e vinho para não dormires. Porém, vais te aconchegar em meu colo e minha voz entonará canticos para dormires.
Dormirás como uma criança, vais sonhar comigo e eu partirei para mais tarde voltar e te alimentar de amor."

Escrito em 05/11/1984, pela minha querida Mamãe.

18 de janeiro de 2010

Eloquência

Ela me é tão estranha
A conheço tão bem ao ponto de não saber nada sobre ela
Surpreende tanto, espanta.
Dona de olhos tão doces mas que em segundos conseguem transformar-se em puro veneno
Enfeitiça de desejo, seu mistério é sua maldição
Fico tentando buscar o sentido em sua face, mas tudo que ela está a fazer é brincar comigo
Ela é puro feromônio, do mais bruto, do mais quente, do mais carnal
Seu desejo não se resume a ir direto ao ponto
Seu desejo é o de me entorpecer da cabeça aos pés
Aos poucos, ela se transforma no vício de qualquer um, sendo a substância que instiga os sentidos, a substância que inibe a consciência.
Aos poucos, ela me devora. Tem o meu corpo, o meu rosto, a minha alma. Afinal, quem é essa mulher que usa o meu corpo e a minha voz?
Quem é essa mulher que anda satisfazendo meus maiores delírios?
Ela agora faz parte de mim.
Aquele perfume que me apimenta, que me desconcentra, parece agora ser somente essência.
Ela me foge aos olhos... Mas ainda assim, consigo sentir sua presença.



Por Bárbara Gontijo e Cinthya Sodré(www.correoquecustar.blogspot.com)!

17 de janeiro de 2010

Nenhuma luz no fim do túnel...

Hoje eu tentei dormir e não consegui.
Senti e não pude exprimir.
Sentir-me carente me fez agarrar o cobertor; de nada adiantou
Beijei-me nos braços na intenção de me sentir amada por um segundo; um segundo que não me deixaria marcas. Não consegui.
É pena que não possamos nos apaixonar por nós mesmos...
Eu penso que gostaria de ter um dia só para mim: um dia cheio de felicidade, reservado para desatar os incontáveis nós presentes no meu coração e na minha garganta.
Penso também que esse dia não existirá, e daí, então, penso que poderia, ao menos, haver um dia em que os motivos que amarram meu coração e minha garganta sumissem.
Passam-se alguns milésimos de segundos e eu penso que isso nunca vai acontecer de fato. Choro mais uma vez, e ainda estou no escuro do quarto, sendo a personagem de uma história sem saída.
Queria um colo, um abraço, um beijo de alguém que eu ame. De alguém que eu ame sem me amarrar, de alguém que eu ame sem machucar.




.escrito em 29 de dezembro de dois mil e nove.

15 de janeiro de 2010

Não mais que o infinito.


Eu sou feliz. Não como os pássaros, que voam sem destino numa contínua viagem ininterrupta por qualquer outra coisa se não a morte. Não como as ondas, que nadam indo e vindo infinitamente no mar que lhes pertence. Não como as ruas, que tem seu brilho eterno de todas as histórias que ali se passam. Não como as músicas, que contam histórias, que criam histórias, que nunca são mortas, com suas notas pairando pelo ar, podendo ser tocadas em qualquer plano. Não como eu mesma que não sou eu nas horas sem cinzas, nas horas que não são horas porque não passam. Nos passos que não são passos porque não andam. Não sou mais feliz que o eterno sol que me queima, aonde quer que eu esteja, nem mais feliz que o eterno axé que me rege. Não sou mais feliz do que essa densa e também eterna órbita em que me coloco que é infinita enquanto dura, sem intervalos doloridos, e sim, com um final feliz, talvez já programado. Deixo o meu Rio (que por ruas corre em mim) com os olhos secos e o coração transbordando. Fazer o que se agora eu compreendo, se o meu coração cada vez mais é acalentado, se a beleza divina me alimenta, se nada precisa mudar? Eu sou feliz, só não mais que a felicidade que me invade.

“Rio, rio, rio, rio pra não chorar. Pra quem não sabe, sou Rio a cantar!”

Um ano novo!

O ano de dois mil e nove, para mim, foi o mais intenso e edificante em meus 15 anos. Eu mudei, cresci, vivi bastante, sofri como nunca, amei como nunca, sorri como nunca... Tudo, nesse ano que se passou, foi muito forte pra mim. Foi cansativo, foi difícil, mas ficou na minha história como um ano muito importante, que eu não abriria mão nunca. Se devemos crescer e mostrar o rosto pra realidade e pro mundo, que seja. E que seja sem enrolação. O ano de dois mil e dez já começou no fim de dois mil e nove, sinalizando mundanças... Angústia no peito, choro querendo sair. Eu encarei tudo isso e, na passagem do ano, tudo isso se foi. Esse ano começou em mim de maneira diferente, com frescor, com amor, com paz, com compaixão... Pressinto que esse ano vai ser "tranquilo" pra mim. Vou usá-lo a meu favor e sei que tudo vai dar certo. Não desejo nada concreto, não peço a Deus nada que seja impossível. Só peço que eu saiba ficar bem em qualquer lugar, aproveitando as pessoas lindas que estão ao meu redor, aproveitando a energia boa e dando valor ao que eu tenho. Uma imensa luz me invade, e eu desejo à todos que me leiam ou não, todo o amor do mundo aglomerado em seus corações. Que todos consigam ter um ano NOVO acima de tudo. Antes de mudarmos as atitudes, temos que edificar, mesmo que aos poucos, os nossos corações. E é isso que estou fazendo. FORÇA, Planeta Terra!