27 de novembro de 2011

Tudo é o mesmo.

Mais uma vez, o mesmo vestido amarelo. E então os sapatos jogados no chão, ao lado dos meus pés cansados, parecem também os mesmos. Eles latejam no ritmo do meu coração cansado. Porque na verdade tudo é, de fato, o mesmo. Tudo se repete outra vez, e o meu corpo já faz parte desse vício: difícil. Que reside nos desejos - que residem em mim -, tão ocultos por necessidade existencial. Parece que o amor encontra portas fechadas sem chaves no caminho para a minha alma. E eu, sempre tão embriagada de paixão por nada, fico aqui, nesse quarto que quase clareia, batendo na porta que nunca se abriu e parece nunca se abrirá: o que não existe é o que me falta.
Se virou do avesso e dormiu sem paz, para outra vez tornar, no rebento do Sol por entre o azul celeste.


reflexões da madrugada de anteontem e da tarde de ontem.

E ali a escrita era uma caixinha de música antiga, na qual ela também guardava lembranças sensíveis.


01.Lembranças passam pelo filtro do tempo, o qual poetiza todas as dores.
02.O segundo passado é algo antigo, que pode conter essas lembranças cujas moram na caixinha de música.
03.Quando se abre um livro de olhos abertos, o livro penetra os olhos, e os olhos penetram o livro. A música,da mesma forma, introduz sua melodia em todos os nossos ocos.
04.Abrir a caixinha de música é algo que se faz quando se pode; por isso, quem abre a caixinha de música ouve. E lê. Porque antes faz-se um corte.











Quando.
escrevo.
me abro
então descubro.
em minhas palavras
aquilo.
que não sei.

Quando escrevo
deixo que a propriedade poetizadora do tempo
aja.
E então não me importo com o sujo dos sentimentos
nem com o amargo das dores
quando escrevo
reciclo. As vivências


Num ponto uma mulher
Numa palavra. O moço que limpa a rua
Numa exclamação. A raiva.
Em outra.
O amor universal.