Chegou em casa com o ar cansado de terça-feira. Lembrou-se do quanto teria que ser forte para aguentar, até o fim da semana, esse papel de gente forte que se faz no trabalho. Foi então até o banheiro, lavou o rosto e olhou-se profundamente pelo espelho. No olho que olhava, moravam dúvidas que pareciam eternas. Teorias que não saiam da mente, parecendo não ter potencial nenhum para organizar-se e transpor-se em palavras.
Pensava sobre o limite da realidade e da fantasia. O que quer ser apenas sonhado, e nunca realizado, por não ter lugar no mundo que nós conhecemos. Pensava sobre os sentimentos, e os sentia enquanto se olhava. Via, por dentro, as pessoas e as situações que os despertaram e se perguntava sobre a veracidade da existência, e da pureza do ser. Pensava em suas projeções. Sonhava tudo que já foi real. Lembrava de momentos com uma nova aquarela de cores. Confundia a fantasia dos amores com a realidade das dores.Sentia falta de um carinho. E vontade de admirar. Lembrava-se dos tempos em que almejava uma vida distante - em que sonhava como sonham as boas crianças.
Sacodiu a cabeça de um lado para o outro e, olhando para a torneira que pingava, lembrou do tempo, do prazo, do que é vento. Falou em voz alta: "Não sonho mais".
Sentiu medo
E continuou a viver.
Que linda você, suas palavras prendem e emocionam, fazem refeltetir de certo.
ResponderExcluirFico bastante feliz em perceber o quanto você está crescendo!
Saudades flor.
Beijos Mari.