9 de dezembro de 2011

Talvez eu nunca tenha conseguido dizer a que vim

Era aquele mesmo coração que começa a semana se pendurando na parede para ser mais uma vez o alvo de tiro ao alvo esse sim que se sente todo picado por agulhas que possuem veneno quase fatal e dói tanto exatamente por não ir a extremo algum apenas fica ali doendo como coisas sem solução ela então ali estava com os olhos abertos feito cachoeiras porém sem foco sem ação ela não estava mais ali ou na verdade não queria estar já estava tão cansada que preferia não se mexer
COMO SE NÃO SE MEXER FOSSE SOLUCIONAR ALGUMA COISA.
Ela precisava dizer a que veio e precisava dizer o que a doía há tanto tempo precisava dizer que não dizia há anos e que prendia tudo aqui dentro nesse coração machucado. preciSAVA.
Quando as palavras vem rápidas e intensas quando as palavras não tem ordem nem mesmo ponderação elas não são ouvidas... Elas são equivalentes a pensamentos que simplesmente passam e se esquecem
Ela não sabia mais ser ouvida nem se fazer uma pessoa ouvida por isso era cada vez mais machucada cada vez mais criticada afinal A PINTAVAM DA FORMA QUE VIAM e ela era ao ver deles alguém fechado em si mesmo alguém que só gritava e quem sabe alguém hipócrita para eles ela tinha a auto-estima como sua melhor amiga e era tão carne e unha da respectiva que exigia de si o melhor a ponto de ter síndrome de inferioridade se não o fosse.
Ela já não sabia mais como explicar que parecia conseguir ver o mundo em todos os seus viés e isso doía ela conseguia sentir o ódio que o pai dela sente e a vontade de se espancar que o irmão sentia ela conseguia sentir toda a dor do mundo e isso doía.
Nas costas.
Ela levava tudo isso e às vezes o coração jorrava sangue.
Doía nas costas e na garganta
E porque falar que doía no coração
Se o coração
o coração
já nem sabia mais falar
nem ouvir

ela estava cega muda surda
ela estava ela ali olhos abertos peito flagelado alma cansada
já não sabia mais dizer a que veio
já não mais
dizia
nem vinha
a que
querer.

a que vim?


eu digo?


vim?


a que?



Nenhum comentário:

Postar um comentário