Estou na sala de piano agora....
Sentada na cadeira, me procurando entre as linhas do papel...
Meu café reflete uma imagem que eu, realmente, não conheço. Chega a dar um nó na garganta...
Tenho recebido cartas de uma tal Adelaide.
Ela diz ser um anjo, e tem me guiado...
As cartas começam com um cabeçalho, aonde escritas estão: a data que ela me enviou, e a data que lerei...
Impressionante: Se me atraso, ela sabe, e, por isso, escreve exatamente a data que eu, de fato, lerei o que ela me escreveu.
Voltei da caixa do correio há pouco, e por isso minhas mãos estão trêmulas e talvez minha letra não fique a mesma... Tenho muito medo do que posso ler.
Porém, a curiosidade e a vontade de saber viver emitem uma força sobre o meu corpo, e eu levo a minha mão até a abertura do envelope...
"Algum lugar do infinito, 23 de setembro de 1955
(Escrita no dia 12 de setembro de 1955)
Querida Bárbara,
Gostaria de dar continuidade a primeira carta que lhe enviei, em junho.
Tenho passado os dias te observando... Não me impressiona sua pressa de vida, a sua indecisão e a sua mudança de planos seguidas de choros.
Mas me preocupa a sua euforia de viver, que te cega.
Olhe para frente, agora.
O que vê?
O piano não é a única coisa que de fato está na sua frente, querida.
A sua frente, uma legião de anjos lhe observa
A sua frente, crianças estão a sorrir, pessoas felizes estão a correr,
E eu, estou sentada, escrevendo para você...
Você que não me vê, mas pode me ler, e até talvez, seguir minhas palavras.
Talvez não devesse interromper sua estadia em seu plano, mas acho justo.
Está no caminho certo, mas pense que pode não estar enfrentando-o de forma correta.
Seguiremos juntas nessa caminhada. Serei ausente na medida certa, e estarei ao seu lado em cada passo...
Adelaide"
Estou confusa com o recado de Adelaide...
Se não a impressiono com a pressa da vida, porque a minha euforia de viver lhe preocupa, e o pior... Me cega?
A vida... Ela quer dizer que a vida já está na minha frente!
As crianças, sim, as crianças estão sorrindo, e as pessoas correndo porque elas estão... vivendo!!!
Minha cabeça está a mil. Quantas intepretações posso fazer dessas palavras...
Espero ansiosamente a próxima carta..
Tomo meu gole de café amargo, passo a mão no rosto e me pergunto:
O que será de mim, quando levantar dessa cadeira?
O piano toca.
"I am colorblind,
Coffee black and egg white.
Pull me out from inside.
I am ready.
I am ready.
I am ready.
I am
Taffy stuck, tongue tied,
Stutter shook and uptight.
Pull me out from inside.
I am ready.
I am ready.
I am ready.
I am...fine.
I am covered in skin.
No one gets to come in.
Pull me out from inside.
I am folded, and unfolded, and unfolding.
I am,
colorblind,
Coffee black and egg white.
Pull me out from inside.
I am ready.
I am ready.
I am ready.
I am...fine.
I am.... fine.
I am fine."
O piano toca... mas queria ser tocado por você. Cadê a partitura?
ResponderExcluirgenial. genial... vc me assusta. vc me intriga! Você?
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