7 de setembro de 2010

Vende-se.





Meu coração deveria ouvir os avisos da minha alma.
Com isso nada tenho a ver.
Mas sinto suas batidas sempre tão fortes e aflitas,
E ao mesmo tempo o latejo na minha cabeça.
Por vezes o coração se acalma, mas os avisos parecem apenas ter dado uma brecha.
Uma verdade que, de vez em quando, deixa se passar por mentira.
Fato é que meu coração é louco.
Só se acalma com doses altas de ilusão.
Doses estas que cegam e ensurdecem ainda mais.
(Ele deveria ouvir mais vezes a alma.)
Doses estas que cada vez mais enfraquecem e viciam o coração.
Pois é tão triste voltar para a realidade...
Voltar é o problema. Nunca ter saído é a solução.
Solução existente se não houvesse o problema.
Portanto deficiente este coração.

E a alma se sente culpada como uma mãe que tenta proteger o filho mas não consegue livrá-lo do sofrimento.

Mas com isso nada tenho a ver.
No máximo empresto-lhe, ao coração, os olhos para que possa derramar o excesso de cansaço que dentro de sei guarda.

Tantas tentativas e o vício de não se amar.
Tanto amor dentro deste coração e ele não mora aqui.
Faz troca. Insiste em abrigar pessoas inconfiáveis e em morar em becos,
Lares tão maltratados quanto o seu.

Seis por meia dúzia.

A realidade sim é dura.
Quando, ao voltar para o seu lar, vê tanto amor que ninguém quis, a sua casa tão mal amada, tão destruída e mal cuidada.
Sem focas mais uma vez ele cede.
E nunca ninguém cuida dessa casa solteira e só.
As doses de ilusão não resolvem... De porta em porá ele continua, aproveitando a brecha da alma.
Mas sempre torna a realidade.


Meu coração não é muito diferente de tantos.
Mas eu gostaria que assim fosse.
Alma essa que tanto avisa,
Que tanto dá respostas sem ter perguntas.
Meu coração não questiona, nem curioso é....
Talvez por isso não ouça as respostas necessárias ao seu desespero.
Meu coração não se ama e só sabe amar.
A casa já é pequena demais para ele e sua bagagem enorme de amor.
Mas pequena só para ele.
Pois casa esta que todos abriga e a todos conforta.
Todos com um pouquinho de amor, que nada é comparado ao dele.
De tão fracos e falsos acabam, e a casa continua mal cuidada.

Talvez por isso: caridoso demais,
Dá sem ver a quem
Abdica do seu lar para que seus outros semelhantes tenham aonde morar.
Por isso sofre este coração louco.

Tantas metáforas para dizer que a mais sensata é a alma.
Mas eu sou coração.
Sim, com tudo isso tenho a ver.


Eu não moro mais em mim.

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