26 de março de 2011

O tempo usa uma coroa e um incansável discurso.

O tempo passou.

Foi o Sol que se pôs muito rapidamente
Ou a vida que o puxou dos braços dela?

São as horas passadas traduzidas em imagens que flutuam sob o céu
É a música de fundo que não me esquece
Ou

O tempo passou.

É a tristeza que dá lugar para a alegria
Ou a alegria que senta um pouco pra chorar?
É o tempo que lembra ou

O tempo passou.

Mas ela não.
Ele
O tempo
Passa por ela.
Por entre ela
Por ela
Sussurrando a insistência

Não há pôr do sol que impeça
O tempo
De lembrá-la do amanhecer do seu corpo naquele momento
Não há vida ruim que passe na frente da vida alegre que o tempo insiste.
O tempo não é gentil com a tristeza.
Ele insiste.

O tempo passa
Com seus tempos passados:
É o tempo-rei da vida
Com seus séquitos – apenas esses que venceram
Que salvaram
Que marcaram a pátria do corpo
Passa por ela
Sempre
Rápido
Incansável
Por entre músicas
Por entre cores
Por entre pernas
Entre cheiros
Entre sonhos.

O tempo passou.
E ela não passa.

Ela, mais uma vez, com suas mãos estiradas, tentando fazer parte: ser vento. Ser tempo. Ser arte.

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