15 de outubro de 2011

A partida do amor.

Acordei e senti um aperto no peito. O choro me subia pela garganta como se pudesse vomitá-lo. Saiu pelos olhos, mas misturei as lágrimas com a água fria que joguei no rosto. A mesma água que me diz todos os dias pela manhã a frase que devo repetir ao espelho, sob pena de meter os pés pelas mãos: não sonho mais.
Ontem não a disse, e hoje encontro meu corpo assim: cheio de marcas, meu coração flácido de tanto bater, minha cabeça em pensamentos desconexos, minha cama quente e a minha mão gelada.
E mais uma criança aqui dentro querendo crescer. Sei lá: criança, semente, gente.
O que importa é que hoje eu fiz o que tenho de fazer, todos os dias em que me esqueço de não sonhar.
Peguei o sonho, a criança, a semente, a gente - que aqui dentro insiste em ficar - pela mão, fui até a estação de trem, o enfiei no bonde, fiquei parado, olhei nos olhos, os enchi de lágrima. Me questionei por que. Por que de novo o choro.Tirei um lenço do bolso, limpei a lágrima nada querida, abanei o lenço.

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