13 de novembro de 2013

Passou a ter um medo sincero de ser superficial. Perguntava a todos que conhecia. Você acha que eu sou superficial, acha que estou falando demais, talvez um pouco alto, concorda? Estava procurando a sua alma, era como uma roupa perdida no meio de um armário bagunçado, era como achar uma pequena chave em uma bolsa grande. Tinha medo de ter perdido a sua alma. Aquele susto que dá no peito quando se percebe que algo não está mais ali. Não conseguia chorar. Suas emoções encontravam paredes firmes, bem feitas, e ela nem viu quando elas se ergueram. Devem ser as dores, elas são tijolos. Meu Deus, estou subindo cada vez mais para a superfície de mim, meus olhos já não devem dizer mais nada, algumas lágrimas se penduram em minhas pálpebras, mas não largam, não descem, meu peito não arfa. O que é que há, minhas janelas só tem a vista, não tem ninguém observando. Me desculpa, eu falo um pouco alto, e falo sempre, mas não sei bem o motivo, talvez eu só queira estar presente, talvez eu só queira fazer parte, mas talvez você nem me enxergue. Você me enxerga? Eu não me enxergo, talvez eu precise de ajuda, me mostra onde tá a minha alma, minhas janelas já estão abertas, entra aqui e quem sabe você não acha a minha alma em algum canto, atrás do sofá, às vezes o meu olho não viu.
Seus olhos viam, ou será que não viam e este seja exatamente o ponto, mas seus olhos brilhavam, eram disponíveis, era um corpo disponível no mundo, um corpo como qualquer outro - mas nem tão entregue, simplesmente um corpo disponível para as provocações do mundo. Hoje fala pelos cotovelos, e fala rouca, fala tanto que dá tudo de mão beijada, não tem muito mistério, seus olhos são um pouco ocos, o que é que há, não sei, me quebrem as paredes, pulem a janela dos meus olhos e procurem a minha alma até que ela seja vista. Me ajudem, podem abrir tudo, escancarar, abrir as portas, enxaguar a poeira, entre, a casa é sua, ache algo que ainda seja vivo e diz que esse algo sou eu.

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