6 de janeiro de 2011

Eu sou um rio que passa pela minha vida.


Na minha alegria um tanto esquecida há quase sempre uma tristeza que não me esquece. Há sempre um nó na garganta, esse nó entre nós, que atrapalha o "nós" que tento construir.
- Vejo uma menina que veste a sua bonequinha com uma felicidade pelo "novo", pelo "começo", porém, ao terminar de vestir a bonequinha, vejo essa frágil menina ficar triste. A boneca está nua de novo, e ela não se lembra como isto aconteceu. Isto acontece repentinas vezes e a cansa - Disseram-me certa noite.
Pouco sei sobre este nó que tira a roupa da boneca. Pouco sei desse nó que não quer “nós”. Ele se abrigou em minha garganta, pernas, braços, mãos, dedos, pés, e continua a invadir pouco a pouco o meu corpo, feito um câncer, há meses. Talvez seja ele quem provoque a euforia em minh’alma. Desconfio, visto que também me cansei de sentir doer a garganta e a cabeça sem saber por que gritei.

O nó da tristeza que não me esquece
Na minha alegria um tanto esquecida
Quase sempre resulta na euforia.


Como já escrito:

23.07.2010

“A euforia normalmente sinaliza alguma coisa.
Vezes antecipa sorrisos, vezes é contida em choros.
Não dura muito.
E sinaliza algo.

Ontem ela sinalizou o nó.
Fez-se dentro da minha garganta, do meu estômago, e imobilizou meu braços.
Meu dedos.
Minha palavras.”

Quando eu estou eufórica
Paro. (a pausa tem tido um grande significado para mim.)
Reviro os olhos e me vejo.
Vejo ali o nó, me mostrando: não há alegria plena. Há sempre um pouco de tristeza na alegria que diz.

Não o queria nem sei quem o fez. Eu? Você? Outros fora e dentro do mundo pequeno que habitamos?
Eu não tenho conhecimento, mas confesso, mesmo que seja proibido confissões e o assunto amor, que não queria brigar, nem sentir que minhas mãos ainda estão acorrentadas as suas à pena de ver-te infeliz. Odeio quando a euforia me invade e eu me contradigo. Tenho saudades e vontades e tudo o que faço é fingir que não as vejo.
Finjo que não vejo esse nó maldito. Ser forte. Je ne regrette rien, repetidas vezes...

Talvez por isso passo tanto tempo sem escrever. Já não sei mais o que dizer quando sinto tanta coisa.
Tanta coisa que não sei dizer. Amarrada, mal-compreendida, duvidosa...
Bastam apenas palavras? Medo. Medo. Medo. Um pouco mais de medo. Saudade. Vontade. Desilusão. Culpa. Amor.

P.s: Existe em mim uma linha tênue que divide a mentira e a verdade.

Isso tudo vai passar... Já se passaram tantas coisas... Eu sou um rio que se deixa sentir a água correr por entre ele... Um rio que sente a correnteza, a calmaria, recebe vermes e flores, plantas...

Eu sou um rio que passa pela minha vida.

Na minha alegria há sim tristeza.

Mas que atire a primeira pedra
quem possui tristeza

sem ter motivos de alegrar-se.

Sempre há.

Sempre terei motivos para sorrir.

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