11 de julho de 2013

Somos estanques

O mundo é sempre estanque. O amor e a felicidade são invenções do mundo moderno - são realidades inventadas. Mas também inventamos de estancar. É quase como uma necessidade. Negamos bombons, negamos fraquezas, puxamos de cá, ajeitamos de lá. Medimos palavras, controlamos risadas, colocamos a mão no bolso e, quando tudo isso nos cansa, choramos à noite. Mas choramos baixinho, abafamos - o que não se abafa - no travesseiro. Estancamos até a intuição - que nos diz que nenhum sentimento estancado para de sangrar - e insistimos em acreditar que tudo passa, que o mundo vai bem e que as coisas realmente funcionam.
O mundo nos estanca, o mundo não vai bem. E ainda assim precisamos nos fazer menos cegos, mandar fabricar novas lentes, aceitar a miopia e conviver com o daltonismo. Precisamos saber das palavras, entender as opiniões, e eu tenho vontade de te amar no meio disso tudo. Não quero só te abrir a camisa, quero te abrir os olhos e quero que você me faça sentir mais. Às vezes pode acontecer de eu querer me esconder debaixo dessa sua saia, ou dos caracóis dos seus cabelos, mas prometo não ter pressa nem medo no movimento preciso que abre nossas asas.
Me dá a mão, e tentemos não nos estancar, tentemos deixar que os nossos rios corram, deixemos que eles se encontrem. O amor é tudo aquilo que liberta, o amor é tudo aquilo que justifica. E no meio do caos a gente encontra uma corda, e a gente não se pendura, a gente sobe, sobe, sobe, e sai do fim do poço - o amor é tudo o que eleva, tirei a sua roupa, vamos deixar jorrar, o amor é tudo aquilo que liberta, tirei minha atadura, já deixei você entrar.


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